Aviação agrícola com responsabilidade ambiental

Aviação agrícola com responsabilidade ambiental

A aviação agrícola é gaúcha de nascimento. Surgiu no Brasil em 19 de agosto de 1947, no município de Pelotas, quando o engenheiro agrônomo Leôncio Fontelle e o piloto Clóvis Candiota, utilizando uma Aeronave Muniz, modelo M-9, biplano de fabricação nacional, prefixo GAP, realizaram o primeiro voo agrícola do país. Na época, eles aplicaram BHC (produto químico) nas lavouras para fazer frente a uma praga de gafanhotos que assolava a região.

De lá pra cá, muita coisa mudou. A aviação agrícola brasileira modernizou-se e cresceu. Hoje, o país possui a segunda maior frota de aeronaves agrícolas do mundo – estima-se 1.900 aviões em operação -, ficando atrás apenas dos EUA, com cerca de cinco mil aeronaves. E o Rio Grande do Sul, berço da atividade, segue na liderança do setor, com 81 das 230 empresas de aviação agrícola do país. São cerca de 420 aeronaves, segunda maior frota, atrás apenas do Mato Grosso.

Contudo, o grande destaque para o setor, atualmente, é a Certificação Aeroagrícola Sustentável (CAS), que chega para regular o impacto ambiental das aplicações aéreas e garantir práticas sustentáveis. Trata-se de uma iniciativa da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (FEPAF), coordenada por professores da Unesp-Botucatu, Universidade Federal de Lavras e Universidade Federal de Uberlândia. Também tem como apoiadores a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) e o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG).

A CAS prevê um ciclo de atividades de quatro anos até atingir a estabilidade, com meta de alcance de pelo menos 75% do mercado aeroagrícola até 2020. O processo de certificação é dividido em três níveis: o CAS Nível I (certificação legal das operações) já possui 55 empresas certificadas; o CAS Nível II (qualificação tecnológica das empresas) possui 51 certificações e o CAS Nível III (conformidade com os processos de boas práticas) conta com 31 empresas certificadas no Brasil (dados de novembro de 2016).

Os operadores privados (fazendas com aviões próprios), que estima-se somem mais de 600 aeronaves em todo o país, também podem aderir à certificação. Até o momento são 12 estados brasileiros e ao menos uma empresa certificada em um dos três níveis, sendo que Rio Grande do Sul, responde com 36 certificações, seguido por São Paulo com 34 empresas, e Goiás, com 17 certificações.

Iniciativas como esta, sem dúvida, contribuem positivamente para o desenvolvimento e melhora da imagem do setor, que permanece com um grande potencial de crescimento, constituindo inegável fator de desenvolvimento para a agricultura brasileira. Em torno de um quarto da pulverização de lavouras de grãos no Brasil (soja, algodão, milho, arroz, feijão e trigo), além de cana de açúcar e laranja, é feita por aviões agrícolas. Mas o mercado potencial para essas aeronaves é muito superior ao que temos hoje. Há quem arrisque 10 mil unidades, levando-se em conta somente as áreas agrícolas atualmente exploradas.