Bandidos ou heróis?

Bandidos ou heróis?

Nos treinamentos que ministro, por vezes menciono fato ocorrido comigo: Convidado a um debate, numa instituição de ensino, onde à mesa estariam alguns especialistas em atividades relacionadas à produção rural, aceitei me fazer presente para expor aspectos da tecnologia de aplicação aérea. Confesso que à medida que os peritos iam expondo seus conceitos e juízos, fui percebendo uma forte aversão ao uso de agrotóxicos. No espaço a mim reservado, repassei aos presentes aspectos relacionados a evolução da aviação agrícola, tecnologias utilizadas, segurança das aplicações, controle de deriva, exigências legais e nível de formação de pilotos e equipe de apoio.

Iniciada a fase de perguntas, dentre outras indagações, fui torpedeado por um questionamento (ou seria um ostensivo ataque?) de um dos presentes que declarava: “Os pilotos agrícolas são os culpados pela contaminação do ambiente e todos os males dela advindos. Expressou que a classe deveria ser extinta, “pois era a culpada pela degradação da ordem social e saúde coletiva”, Finalizando, laureou o seu discurso com afirmações de caráter científico duvidoso, ato típico daqueles que denomino de “ecoxiitas”, asseverando que a humanidade padece frente à exploração econômica do meio ambiente e a atuação inconsequente dos aplicadores aéreos.

Pois bem, apunhalado pelo interlocutor reafirmei os princípios da tecnologia de aplicação aérea, ratifiquei as técnicas que permitem o controle de deriva e mantém a operação dentro de níveis aceitáveis de segurança e, por fim, em tom similar ao que fui interpelado, asseverei: “Antes de atacar de forma depreciativa toda uma classe de profissionais, buscasse ele um pouco de sensibilidade e conhecimento. Anunciei que, como ele, não ignoro a periculosidade dos defensivos agrícolas e o risco envolvido nas operações de pulverização. Porém, sugeri que ao invés da postura agressiva, assumisse ele uma atitude de admiração para com pessoas que investem suas vidas, muito tempo e dinheiro,  numa carreira que exige incomum habilidade, dedicação e vocação. “Tudo isso meu caro, para que você tenha alimentos à mesa. Para que a ordem social, por você proclamada, seja mantida dentro de uma sociedade alimentada. Penso que você deveria render homenagens aos que realizam o que a maioria não detém capacidade e sequer vontade de concretizar. Graças ao trabalho desses e de outros profissionais ligados à atividade, você tem tempo e energia para estar aqui realizando tais afirmações.”

Sei que posso ter ultrapassado os limites que a cortesia exige. Mas, tenho certeza de que, em muitos dos obcecados eco-radicais ali presentes, suscitei a inquietação: “Pilotos agrícolas,  bandidos ou heróis? “.