1 de agosto de 2020

Chaco e noroeste argentino em alerta para gafanhotos e quarta nuvem se aproxima do país

Enquanto segue o rescaldo da nuvem extinta junto ao Uruguai, tempo quente e ventos devem favorecer deslocamentos das duas nuvens em Formosa rumo ao Chaco e Salta, enquanto outro grupo de insetos se aproxima pela fronteira com Bolívia e Paraguai

Em Federación, na província argentina de Entre Rios (fronteira com o Uruguai e a cerca de 100 quilômetros da gaúcha Barra do Quaraí), a sexta-feira (31) foi mais um dia para localizar e eliminar insetos remanescentes da nuvem de gafanhotos extinta no último final de semana. Isso segundo o relatório divulgado à noite pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar do país (Senasa). Porém, no norte argentino o dia terminou bem mais tenso. O Senasa divulgou um alerta para as províncias do Chaco e do noroeste do país (principalmente Salta) sobre a provável movimentação, no final de semana, das duas nuvens que estão na província de Formosa.

A expectativa é que o calor previsto para a partir desde sábado, com máximas acima dos 30 graus, torne os insetos mais ativos. E o vento soprando para oeste e sudoeste leve os gafanhotos para as províncias vizinhas. Além disso, técnicos do Senasa também estão atentos à possibilidade do ingresso de uma terceira nuvem pelo norte, na região da tríplice fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Ela estaria acima da província de Salta e, caso atravessasse a fronteira, seria a quarta nuvem no território argentino desde maio, contado a que foi extinta junto ao Uruguai e Brasil.

DESLOCAMENTOS

Na quinta-feira (30), uma equipe do município de Ingeniero Juárez, na parte oeste de Formosa, realizou aplicações pontuais na nuvem que estava em seu território, a cerca de 50 quilômetros da divisa com a província Salta. O trabalho foi feito com pulverizadores costais e o Senasa forneceu o inseticida para as operações.

Já são quatro nuvens de gafanhotos no mapa de alerta do Senasa: três em território argentina e a quarta prestes a ingressar pelo norte

O órgão argentino não divulgou o resultado das pulverizações da quinta. No entanto, nesta sexta informou em seu Twitter que seus técnicos devem averiguar no sábado um relato de avistamento da nuvem já quase 100 quilômetros dentro de Salta, entre os departamentos de General San Martin e Rivadavia. Se isso se confirmar, significa que os gafanhotos podem ter voado quase 150 quilômetros e um dia, desde Ingeniero Juárez.

Já a outra nuvem em Formosa estava mais a leste, próximo à divisa com a província do Chaco (que fica a sul). Na verdade, ali os insetos já circularam de um lado ao outro do Rio Bermejo, que faz a divisa e é possível que também já tenham entrado na província vizinha, embora o Senasa ainda não tenha apontado sua localização. Isso devido à área de difícil acesso na região.

Até esta quinta, a estimativa dos langosteros (apelido dos técnicos baseado na palavra espanhola para gafanhotos) era de que os gafanhotos estivessem em uma zona ao sul da cidade de Las Lomitas – junto ao rio, mas ainda no lado de Formosa.

BRASIL

Apesar do tempo mais quente favorecer o voo dos gafanhotos, a tendência por enquanto é de que eles não rumem para o Brasil. Isso porque a previsão até a próxima semana é de que o vento no norte argentino siga soprando para oeste. Ao mesmo tempo em que os insetos remanescentes da nuvem na fronteira Argentina Uruguai não oferecem mais risco ao País. No entanto, por parte do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), no Rio Grande do Sul segue a prontidão dos pelo menos 70 aviões colocados à disposição nas áreas de fronteira do Estado, para o caso de necessidade de se combater alguma nuvem.

O estado de alerta se iniciou em junho, quando a nuvem eliminada há cerca de uma semana em Entre Rios circulou por cerca de um mês na província de Corrientes, na área da fronteira argentina com o território gaúcho. Situação que motivou o Ministério da Agricultura brasileiro a decretar emergência fitossanitária pelo prazo de um ano e estabelecer um protocolo de emergência para o controle dos insetos. Tendo na sequência o governo gaúcho estabelecido o plano de contingência contra a praga – prevendo o uso da aviação agrícola. Preparativos que seguem valendo para os próximos meses.

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