24 de outubro de 2022

EUA: Após furacão, Flórida tem operações aéreas contra mosquitos

Só no Condado de Lee, voos de aplicações de larvicidas e inseticidas já teve 21 missões para prevenir doenças e permitir que equipes em campo reestabeleçam serviços

Depois de sofrer os estragos com a passagem do furacão Ian, no final de setembro, a Flórida agora se concentra em uma guerra contra mosquitos, que se proliferam nas áreas inundadas. O Estado já investiu mais de US$ 3 milhões de dólares (o equivalente a pouco mais de R$ 15,5 milhões) em aplicações aéreas e terrestres de combate a mosquitos em uma área de 485,6 hectares entre áreas urbanas e rurais.

Só no Condado de Lee (a cerca de 160 quilômetros de Miami) as operações envolvem cinco helicópteros, seis aviões e 12 caminhões. Desde a passagem do Ian, o Distrito de Controle de Mosquitos de Lee (órgão encarregado das operações locais) já realizou 21 missões áreas, abrangendo mais de 222,5 mil hectares de área tratada.

As aplicações visam prevenir principalmente casos de febre do Nilo Ocidental, encefalite de Saint Louis e dengue. Até porque, enquanto em todo o ano passado a Flórida teve cinco casos do Nilo Ocidental e nenhum de dengue, somente até o último dia 15 de outubro o Departamento de Saúde da Flórida já havia apontado 30 casos de dengue adquirida localmente e dois casos de febre do Nilo.

PREOCUPAÇÃO

Consequência secundária de furacões e grandes tempestades, grandes populações de mosquitos são, além de perigosas do ponto de vista da saúde, irritantes para os moradores. E mais ainda para quem trabalha no socorro e na restauração da infraestrutura de áreas atingidas.

“Imagine alguns milhares vindo até você. Essa é a grande preocupação depois de furacões e grandes eventos de inundação”, disse Daniel Markowski, consultor técnico da Associação Americana de Controle de Mosquitos. “O grande número de mosquitos pode tornar qualquer atividade da vida diária horrenda”, destacou para o portal norte-americano de notícias NBC News.

O controle de mosquitos com aplicações de produtos tem duas fases. A primeira, nos primeiros dias após as chuvas, é com aplicação de larvicidas químicos ou biológicos nas áreas alagadas. Em seguida, vem a aplicação de inseticidas para combater os mosquitos que emergem das águas.

“Todo habitat de mosquito tem ovos no solo, esperando por essa chuva, [ele] fica inundado e você tem literalmente milhões e milhões emergindo de uma só vez”, comentou Markowski. Por enquanto, o Estado da Flórida não solicitou ajuda da Força Aérea do País para reforçar o controle de mosquitos – como fez o Estado da Louisiana, em outubro 2020, após a passagem do Furacão Delta.

Aliás, a aposta de pesquisadores da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) é de que cada vez mais situações como essas se repitam. Isso porque as mudanças climáticas devem aumentar a incidência e intensidade de furacões, calor e inundações pelo planeta. Criando condições propícias ao desenvolvimento de mosquitos e incubação de vírus.

Desde os anos 1940 a aviação faz parte das estratégias governamentais de combate a mosquitos nos Estados Unidos

BRASIL

Enquanto na Flórida as autoridades seguem mobilizando todos os meios após 30 casos de dengue, no Brasil o Ministério da Saúde já contabiliza 909 mortes em todo o País por causa da doença, em 2022. O número de casos passou dos 478 mil até meados de outubro, aumento de 184,6% em relação ao mesmo período do ano passado – fora os 168,9 mil casos de Chikungunya e 10,5 mil casos de zika desde janeiro.

Paralelamente, o Ministério da Saúde segue enviando regularmente inseticidas e larvicidas para estados e municípios. Porém, com aplicações limitadas somente aos meios terrestres, apesar do sinal verde para pesquisas para aplicações aéreas também no País – pela decisão do Supremo Tribunal Federal que, em 2019, validou a Lei Federal de 2013 que prevê meios completos (como nos EUA) para as operações. O que, de cara, diminuiria a quantidade de produto necessária para o combate em áreas com infestação. Tema abordado nas páginas 16 a 47 da edição nº 5 da revista Aviação Agrícola (clique AQUI para acessar).   

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