Arroz: sinais para um ano de melhores preços

Mesmo com uma programação eminentemente técnica e institucional, a pauta dominante da 28a Abertura da Colheita do Arroz foi a comercial. A preocupação é se a baixa remuneração da safra anterior se repetirá em 2018. Sinais de reação dos preços, que estiveram nos últimos meses na indesejável linha dos R$ 36,00 mínimos, são dados, mas é muito cedo para cravar patamares de cotações.

A tendência de um Real menos valorizado ante ao Dólar num ano eleitoral, tendência de um mercado internacional mais aquecido para o cereal, a intervenção do governo para enxugar estoques e uma quebra da safra doméstica são indicadores de melhora.

Na quinta-feira (22), os leilões de PEP e Pepro, mesmo sem negociar 100% da disponibilidade, deram uma leve mexida nos preços. Entrevistado pelo Conexão Rural, na sexta-feira (23), o secretário de política Agrícola do Mapa, Neri Geller antecipou a realização de novos leilões e a real possibilidade de mais enxugamento através de AGFs (Aquisições do Governo Federal). No mesmo dia, Geller se reuniu com lideranças e produtores. Voltou à Brasilia mais conhecedor da realidade e com eu uma lista de reividicações na pasta.

Também participante do Conexão Rural transmitido da Estação Experimental do Irga, o diretor comercial do Irga, Tiago Barata confirmou o otimismo demonstrado na sua palestra no dia anterior, no painel “Conjunturas e Cenários para a Safra 2017-2018”, que fez parte da programação do evento.

Para ele, a redução de 250 mil toneladas da previsão inicial da Conab, associada ao bom desempenho das exportações dos últimos três meses – em fevereiro deve fechar em 250 mil T de exportado via Rio Grande – e mais a quebra de aproximadamente 870 mil T da safra gaúcha deverão fazer os preços se recuperarem ao longo do ano.

Como contraponto ao ainda tímido otimismo, o aumento de custos, como o de energia elétrica por exemplo, que deve ficar na casa dos 25% a 30%, a continuação da entrada de arroz paraguaio, um consumo doméstico estagnado e o alto endividamento do setor produtivo.

“São fatores que podem inclusive serem decisivos para a continuação da atividade por uma parcela significativa de produtores”, como afirma o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, o qual anunciou redução drástica de plantio de arroz na própria área que planta.

O tenso momento do setor produtivo foi realçado na sexta-feira à tarde, durante a solenidade oficial de abertura da colheita. Durante sua fala, o presidente da Federarroz foi alvo de vaias de um grupo de produtores liderados por opositores da atual diretoria da Federarroz, que foi à abertura pra protestar.

“Eu já estava preparado, mas este não é o pensamento da maioria, a qual entende e aprova o trabalho que fizemos. E também sabe que jamais adotarei discursos populistas que nada ajudam”, disse Dornelles.

Por Alex Soares