2 de agosto de 2020

Doze pilotos agrícolas, de seis Estados e da Bolívia, treinam combate aéreo a incêndios florestais em SP

Curso ocorreu do dia 13 a 15 de julho, no interior paulista, abrangendo parte teórica e simulações com lançamentos de água em áreas alvo

Doze pilotos agrícolas, de SP, PR, MT, MS, RS e PA, além de um piloto da Bolívia, estão participando de um curso de combate aéreo a incêndios florestais, que ocorre em Olímpia, no interior paulista. As aulas começaram nessa segunda (13), com aulas teórica até terça, e terminou nessa quarta (15), com as práticas de lançamento de água contra as chamas. Cada piloto teve que fazer pelo menos quatro lançamentos contra um alvo representando ponto de incêndio – treinamento a comunicação (com fraseologia técnica), circuito, aproximação, ataque e retorno.

As missões ocorreram em voo duplo comando (com instrutor ao lado do aluno), em voo solo e voo de conjunto. A aeronave que fez o ataque às “chamas” foi um turboélice Air Tractor AT-504, com capacidade para 1,8 mil litros de água. As operações ocorrem na base da empresa Pachu Aviação Agrícola, no acesso para Baguaçu.

A turma de instrutores contou com a especialista em aviação agrícola Mônica Maria Sarmento e Souza – do Ministério da Agricultura. Ela tem formação em Aviação de Combate a Incêndios em Campos e Florestas pelo British Columbia Forest Service/Canadá; pela Junta de Andaluzia/Espanha e Governo do Chile. Apesar de não pilotar, ela é uma das mais importantes autoridades do País nesse tipo de operação. Além disso, é quem vai fazer as inspeções de solo e avaliar os lançamentos feitos pelos alunos.

Junto com Mônica, estão os empresários e pilotos Astor Schlindwein (Americasul Aviação Agrícola) e Marcelo (China) Amaral, da Pachu Aviação Agrícola. Ambos com mais de uma década de experiência em operações contra chamas. A empresa de Schlindwein inclusive participou no ano passado dos combates a incêndios na Flroesta Amazônica e na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Já a Pachu realiza praticamente todos os anos operações de combate a incêndios no interior paulista, na maioria das vezes em apoio aos bombeiros do Estado.

O curso foi promovido pela Fundação Astronauta Marcos Pontes (Astropontes) e pela Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Instituição Toledo de Ensino (ITE), de Bauru. Com apoio o apoio do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e do Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag).

Este tipo de treinamento normalmente é feito pelas próprias empresas antes da temporada de incêndios no Brasil – que vai de julho a outubro. Porém, a ideia de incrementar a formação de pilotos bombeiros veio do aumento da incidência de focos de incêndios florestais no País em 2019: 161.236 na temporada, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – 45% a mais do que em 2018 e 84% deles registrados no mês de agosto.

Também no ano passado, a aviação agrícola brasileira realizou mais de 1,8 mil lançamentos de água contra chamas em diversos Estados – inclusive na Floresta Amazônica. Foram pelo menos 350 horas de voo contra incêndios e uma das empresas chegou a atuar no Chaco Paraguaio, contratada pelo governo daquele país.

O levantamento foi Ibravag, abrangendo sete empresas do setor que atuaram nesse tipo de operação entre o início de julho e o começo de outubro. Balanço que, aliás, abaixo da realidade, já que duas das empresas não informaram os dados de suas ações contra o fogo.

Este ano, no Rio Grande do Sul apenas uma empresa aeroagrícola já realizou o lançamento de mais de 81 mil litros de água contra três incêndios em área de pastagem. E outra empesa de Goiás enviou, no último dia 7, duas aeronaves para combater um incêndio em uma lavoura de milho.

PRODUTORES E BOMBEIROS

Segundo o presidente do Sindag, Thiago Magalhães, a procura pela aviação agrícola para combate a incêndios aumentou entre 20% a 30% no ano passado, devido, principalmente, à maior procura de produtores rurais pelo serviço. O motivo seria a percepção dos agricultores do custo/benefício na hora de proteger as equipes em solo no combate às chamas, além da rapidez dos aviões para frear o avanço do fogo sobre áreas maiores da lavoura, plantações vizinhas ou no caminho de áreas de preservação.

Já nas reservas ambientais, além de ações voluntárias em alguns pontos, o grosso do trabalho contra chamas é feito em parceria com órgãos oficiais, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio) e bombeiros nos Estados. Aí a ferramenta aérea faz a diferença na segurança das equipes em solo e na redução de custo e de tempo das equipes. Sem falar na capacidade de combate direto em áres de difícil acesso por terra.

Além disso, com proteção indireta às áreas urbanas. Tanto na redução de chamas próximo a área habitadas como reduzindo o tempo em que bombeiros e viaturas precisam ficar fora de suas bases.

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