28 de novembro de 2024

Carrefour: após crise, urgência para projeto de reciprocidade ambiental

Sindag se uniu a outras 43 entidades em repúdio às declarações de executivo do grupo francês contra o agro brasileiro na última semana

Após manifestações de repúdio de autoridades, produtores e de críticas de diversos segmentos no País  – como a Carta Aberta assinada pelo Sindag e outras 43 entidades representantes da cadeia produtiva no Brasil, o pedido de desculpas do diretor presidente  do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, não deixou sem consequências a atitude do dirigente. Com a retratação de Bompard sendo considerada “fraca” pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a casa aprovou na quarta-feira (27) o regime de urgência para o Projeto de Lei 1406/24, do deputado Tião Medeiros (PP-PR) e outros 15 parlamentares.

Chamado de Projeto da Lei da Reciprocidade Ambiental, a iniciativa busca proibir o governo federal de assinar acordo internacional com cláusulas ambientais que restrinjam a exportação de produtos brasileiros, sem que os países signatários adotem medidas de proteção ambiental equivalentes. Isso tendo em vista justamente o fato de que o Brasil tem uma das legislações ambientais mais rígidas do planeta.

No entanto, os próprios parlamentares ressaltam que a medida precisa ser analisada com critério. Isso para não prejudicar a balança comercial brasileira.

Ao mesmo tempo, senadores e deputados que representam o Brasil no Parlamento do Mercosul (Parlasul) ainda devem levar o assunto à próxima plenária do colegiado, em dezembro, no Uruguai. A decisão foi oficializada ainda na terça-feira (26) na reunião da representação brasileira no Congresso Nacional.

AUDIÊNCIAS

Já no Senado, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária da casa aprovou na quarta-feira (27) o Voto de Repúdio ao diretor do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, pela declaração de boicote e incentivo ao boicote de carne do Mercosul por parte dos supermercados na França. No mesmo dia, as Comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CRE) e de Assuntos Econômicos (CAE) da casa ainda aprovaram requerimentos para que o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, seja convidado a prestar informações sobre a posição francesa a respeito do Acordo Mercosul-União Europeia e sobre a declaração de Bompard.

A audiência foi requerida pelos senadores Tereza Cristina (PP/MS), que pediu audiência na CRE, e Wellington Fagundes (PL-MT), que fez a solicitação na CRA e propôs que a reunião fosse conjunta entre as duas Comissões. Prevendo convite também ao próprio CEO do Carrefour na França (podendo ser via web), além do diretor presidente do grupo no Brasil, Stéphane Maquaire.

SENADO: Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), conversa com Wellington Fagundes (PL-MT), autor do requerimento de audiência do Carrefour – foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

ENTENDA O CASO

No dia 20 de novembro, o diretor presidente do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, divulgou em seu LinkedIn uma carta enviada por ele ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA). No documento, a empresa se compromete a não mais revender no país europeu carnes compradas do Mercosul. A iniciativa foi em apoio aos protestos dos agricultores franceses contra o acordo Mercosul-União Europeia (que está sendo costurado há mais de 20 anos). Só que, na carta, Bompard afirmou que, do contrário, a França correria o risco de ser “inundada” com carne “que não atende às suas exigências e suas normas”.

O texto gerou, a partir do dia 22, boicote de frigoríficos e restaurantes brasileiros ao Carrefour no Brasil. O que provocou desabastecimento da rede no Brasil (abrangendo também as marcas Atacadão e Sam´s Club). O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou à imprensa (no dia 24) apoio ao protesto dos frigoríficos.

Com a repercussão e a pressão pelo boicote  no Brasil, no dia 26 veio o pedido de desculpas de Bompard e, depois disso, os Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Agricultura (Mapa) braileiros divulgaram Nota Conjunta à Imprensa em defesa do agro do País.

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