19 de agosto de 2020

Dia da Aviação Agrícola foi comemorado com lançamento de rede nacional de entidades ligadas ao setor

Iniciativa do Sindag foi anunciada em videoconferência com lideranças ligadas ao agro, além do próprio Ministério da Agricultura e já teve a adesão de oito entidades, entre instituições produtores e da indústria química, uma fabricante norte-americana de aviões e três instituições de ensino superior

 

O Dia Nacional da Aviação Agrícola, festejado nesta quarta-feira (19), foi comemorado pelo Sindag com o lançamento da Rede Brasil Institucional Aeroagrícola. A iniciativa visa a reunir instituições ligadas direta ou indiretamente à atividade – entidades do agronegócio, da aviação, órgãos de pesquisa e outros. Os objetivos principais são desenvolver a setor, promover boas práticas no campo (eficiência, segurança ambiental e operacional) e melhorar a comunicação com a sociedade.

A Rede foi apresentada durante a manhã em uma videoconferência com representantes de 46 entidades ligadas ao setor primário em todo o País. O encontro teve também um panorama do mercado aeroagrícola no Brasil – segundo maior do mundo e único segmento da aviação brasileira que registrou crescimento nos últimos 24 meses – e dos desafios até 2021.

A videoconferência teve as falas do presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, e da chefe da Divisão de Aviação Agrícola (DAA) do Ministério da Agricultura, Uéllen Lisoski Duarte Colatto. A apresentação geral do projeto ficou a cargo do secretário-executivo do Sindag, Gabriel Colle e cerimônia foi comandada pelo secretário executivo Júnior Oliveira. Os participantes tiveram ainda uma apresentação sobre diversas ações institucionais do Sindag na qualificação, divulgação e defesa do setor. Além de um panorama do mercado aeroagrícola e sua importância para o setor primário do País. Entraram aí desde o Sistema de Documentação da Aviação Agrícola (Sisvag), as discussões em torno do esboço da Instrução Normativa (IN) dos drones (que está em consulta pública) e o trabalho junto a autoridades, órgãos reguladores e parceiros com foco na transparência e segurança jurídica.

Legislação e documentação foram temas apresentados na manhã do Dia da Aviação Agrícola

No início da tarde, o Sindag colocou no ar, em seu site, a página do projeto e a janela com o formulário do Termo de Cooperação da inciativa, para quem quiser integrar a iniciativa. Em poucas horas, a proposta já teve as primeiras adesões: do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Syngenta, da fabricante norte-americana de aviões agrícolas Air Tractor e da Mossmann Assessoria e Consultoria. Também já se inscreveram na Rede Brasil a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), em São Paulo, além da Universidade de Cruz Alta e Faculdade Imed, do Rio Grande do Sul.

MATURIDADE E TRANSPARÊNCIA
“Promovemos uma discussão ampla sobre o papel da aviação agrícola como instrumento de segurança alimentar para o País”, destaca Thiago Magalhães. O presidente explica que o novo projeto do Sindag prevê que as instituições parceiras também promovam ações para mostrar a segurança da aviação. “Nada mais válido do que várias vozes em sintonia, também ajudando a aperfeiçoar continuamente o setor em eficiência e segurança. Já que estamos aqui para fazer um trabalho sério, idôneo e com base científica”, pontua.

Para Uéllen Colatto, com isso a Rede Brasil Institucional demonstra o alto nível de maturidade do setor aeroagrícola, em termos de governança e transparência. Além de ser um importante fórum de debate e troca de informações”. A chefe do DAA lembra que, diante da complexidade da ferramenta aérea, o ideal é justamente que as políticas para o setor sejam exercidas de forma integrada entre os entes públicos e privados.

“A aviação agrícola envolve aspectos relacionados ao uso de insumos agrícolas, navegação aérea, certificação de equipamentos e emprego de trabalhadores com diversas qualificações. Nesse cenário, é preciso que a cooperação tenha foco na maior eficiência do setor e, consequentemente, na maximização de sua eficácia para o agronegócio”, completa. “Para o Mapa, o mais importante é que o setor possa se desenvolver de forma eficiente e segura, garantindo o cumprimento da legislação vigente”, conclui Uéllen.

AMPLITUDE POTENCIALIZADA

Para a diretora executiva do Sindiveg, Eliane Kay, o novo projeto do Sindag reafirma um objetivo comum das duas entidades, que são parceiras de longa data: reforçar a aplicação de boas práticas agrícolas. “Por meio dessa cooperação mútua, poderemos melhorar o combate a problemas importantes das nossas plantações: as pragas, doenças e plantas daninhas. A defesa vegetal é uma tecnologia que protege o meio ambiente, aumenta a produtividade, melhora a qualidade da lavoura e favorece a oferta de alimentos mais acessíveis à população”, destacou Eliane.

Conforme o diretor-executivo Gabriel Colle, na prática, a Rede Brasil Institucional Aeroagrícola deve dar maior amplitude ao trabalho de melhoria contínua e transparência promovidos nos últimos cinco anos pela entidade. “A meta é chegar a 2022 com a aviação agrícola sendo reconhecida como ferramenta de segurança alimentar (o que passa pela sustentabilidade ambiental). Não só pelo mercado, mas também pela sociedade.”

Entre as ações já focadas nessa direção está, por exemplo, a discussão em torno da Instrução Normativa para o uso de drones no trato de lavouras. O esboço da norma segue em consulta pública até setembro e o Sindag vem promovendo encontros com entidades do agro para avaliar o texto e sugerir melhorias.

Resumidamente, o Termo de Cooperação da Rede Brasil Institucional Aeroagrícola prevê desde campanhas para promover o setor e projetos de incentivo à atividade aeroagrícola até formação grupos de trabalho para solução de desafios do mercado. “Queremos que mais produtores rurais percebam as vantagens de contar com o trato aéreo de suas lavouras, mas também entendam as obrigações legais da ferramenta e o quanto o foco em boas práticas é vantajoso para todos. Além disso, agora que consolidamos boa parte das ações junto aos empresários aeroagrícolas, queremos chegar também nos operadores privados (produtores que têm seus próprios aviões)”, assinala Colle.

RETROSPECTO
“Em 2016, quando montamos nosso Planejamento Estratégico até 2020, já estava claro que não adianta trabalhar a imagem da aviação agrícola sem arrumar a base. Ao mesmo tempo em que precisávamos desmistificar o setor junto à sociedade, já percebíamos mudanças de mercado que exigiriam maior foco dos empresários na gestão”, recorda o diretor do Sindag.

Dirigentes do Sindag também abordaram estatísticas, cenários e perspectivas do setor aeroagrícola no País

Segundo Colle, junto com as iniciativas para qualificar os empresários (ampliação das consultorias especializadas, parcerias com instituições acadêmicas, criação da Academia de Líderes do setor e encontros em todos os Estados, por exemplo), iniciou-se um trabalho forte de aproximação com entidades ligadas ao agro e com órgãos reguladores. “Tivemos até o ano passado encontros presenciais com entidades em 20 Estados, ao mesmo tempo em que passamos a oferecer ferramentas como Sistema de Documentação da Aviação Agrícola (Sisvag) – onde os operadores podem consultar todos os documentos, registros e obrigações exigidas junto a todos os órgãos reguladores em qualquer parte do País”, cita o dirigente.

Ações que geraram confiança e engajamento junto ao público interno: “Em 2016, eram 98 associadas. Hoje, estamos com 189 empresas filiadas. Agora, o esforço é para aumentar essa rede agregando entidades parcerias. Por isso também apresentamos hoje nosso novo site, com cada vez mais informações sobre pesquisas, notícias, mitos etc.”

Para o ano que vem, a expectativa do sindicato aeroagrícola é realizar 250 eventos para parceiros. Incluindo o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil, em julho, em Sertãozinho/SP. O Congresso terá abrangência de Mercosul e será comemorativo ao centenário da aviação agrícola no mundo. Para completar, as entidades que aderirem à Rede Brasil terão acesso a serviços como o próprio Sisvag. “Poderão consultar rapidamente a legislação sobre o setor em cada parte do país, pareceres de órgãos reguladores e procedimentos exigidos por cada órgão”, conclui Gabriel Colle.

DATA
Dezenove de agosto de 1947 marca a data da primeira operação agrícola realizada no Brasil. Foi no município gaúcho de Pelotas, para combater uma praga de gafanhotos que assolava a região.

A operação ocorreu com um sistema de pulverização improvisado acoplado em um avião do Aeroclube da cidade. Iniciativa do engenheiro agrônomo Leôncio Fontelles e do piloto Clóvis Candiota. Na época Fontelles era o encarregado do Ministério da Agricultura na região e foi a quem os agricultores recorreram, desesperados com as perdas provocadas pelos insetos. Ele encomendou o sistema de pulverização a um funileiro local. Candiota ajudou a instalar o aparelho em um biplano Muniz M9, do Aeroclube, e pilotou a aeronave.

Em 1989 o Decreto Federal 97.669 oficializou a data como Dia Nacional da Aviação Agrícola, colocando Clóvis Candiota como o patrono do setor.

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