15 de novembro de 2023

EUA: live destaca Aviação agrícola, mercado e o caso EPA x Chlorpyrifos  

Programa semanal da CropLife Magazine/Meister Media destacou pesquisa sobre o desempenho do setor aeroagrícola em 2023, os esforços a Bayer para recuperar fôlego e o maior otimismo e ações dos produtores para fazer frente às mudanças climáticas  

Dados da pesquisa da National Agricultural Aviation Association (NAAA) sobre o desempenho da aviação agrícola norte-americana em 2023 e os preparativos para a reunião Women in AgTech – que em janeiro abrirá a movimentação da Vision Conference 2024 (por sua vez, o encontro dos principais executivos do agro e a comunidade de tecnologia para antecipar as novidades que impulsionarão o agro no horizonte de 3 a 5 anos). Esses foram temas abordados no bate-papo do editor da CropLife Magazine, Eric Sfiligoj, e da editora do CropLife Media Group, Lara Sowinski, na última quinta-feira (9). A conversa foi no canal CropLife Retail Week no YouTube, onde a revista comenta semanalmente as novidades do mercado de insumos e do agro em geral.

O programa da última semana também abordou as medidas severas de enxugamento nos processos gerenciais da Bayer, após um terceiro semestre com queda de 31% no lucro EBTDA (sigla em inglês para o resultado antes  de desconto de juros, impostos, depreciação e amortização). Além da decisão da Corte de Apelações dos Estados Unidos, suspendendo a decisão da Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês) que havia suspendido a permissão para uso de Chlorpyrifos no País. Revogação motivada, por exemplo, pelo fato de que a EPA havia passado por cima de seus próprios cientistas – que apontaram não haver motivo para a proibição.

A CropLife Magazine pertence ao Meister Media Worldwide  por sua vez um conglomerado de mídias integradas para geração de conteúdo e divulgação de informações sobre tecnologias, inovações e mercado, além de oferecer soluções para a promoção de marcas e produtos.

Confira o vídeo no final do texto e veja, abaixo, o desdobramento das notícias com (bastante) informações complementares levantadas pela Assessoria de Imprensa do Sindag.

AVIAÇÃO AGRÍCOLA

Segundo o CropLife Retail Week, os dados da NAAA apontam que, de todas as aplicações aéreas realizadas por aeronaves tripuladas em 2023 nos EUA, 23% foram de mistura de inseticida fungicida. Outros 17% foram aplicações apenas de fungicidas, com as aplicações de herbicidas ficando em terceiro lugar no ranking (15%), seguidos de inseticidas simples (13%) e fertilizantes (9%). As operações de semeadura representarem 4% das operações, depois vieram aplicações e misturas de herbicida e fungicida (herbicida + inseticida e herbicida + inseticida + fungicida), cada uma representando 3% das aplicações. Com 3% também para culturas de cobertura e 7% para outras aplicações.

A informação vêm da pesquisa anual da entidade, onde 207 operadores responderam a pesquisa realizada em setembro (17,9% dos 1.153 operadores que receberam o questionário). Entre os participantes, 86% apontaram terem feitos aplicações em lavouras, 12% em pastagens, 6% em florestas, 6% no controle de mosquitos, 5% semearam culturas de cobertura e 1% atuou em combate a incêndios – com parte dos operadores atuando em mais de uma atividade.

Além disso, 34% dos operadores aeroagrícolas relataram tratamento de lavouras orgânicas, contra 22% que haviam relatado isso em 2022. Entre as lavouras convencionais, 42% dos operadores têm o milho como sua principal cultura atendida, enquanto o arroz é o carro-chefe para 11% dos operadores e o algodão reina no portifólio de 8% dos operadores, com a soja liderando entre as lavouras atendidas por 4% dos pesquisados. Porém, 45% dos operadores colocaram a soja como sua segunda ou terceira lavoura mais atendida.

Para completar, o estudo da NAAA apontou que a média voada por aeronave na temporada 2023 foi de 327,6 horas. Cerca de 1% a mais do que as 324,5 horas por cada aeronave agrícola dos EUA em de 2022. Esta foi a 12ª edição da pesquisa anual da Associação norte-americana e a margem de erro é de +/- 6%. A pesquisa completa pode ser conferida no portal da revista Agricultural Aviation.

Outra informação complementar a esta notícia diz respeito ao comunicado de imprensa distribuído em setembro pela NAAA, apontando que os operadores aeroagrícolas norte-americanos ajudam a sequestrar anualmente 1,9 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente. Isso porque  semeiam a cada temporada 3,8 milhões de acres de culturas de cobertura. O que, de acordo com a EPA, equivaleria a retirar das estradas aproximadamente 412 mil carros com motores de combustão de carbono a cada ano.

BAYER

No caso da Bayer, Sfiligoj mencionou na live as especulações de uma possível cisão da empresa a partir de seus três departamentos: Crop Science (insumos agrícolas), Pharmaceuticals (medicamentos vendidos sob receita médica) e Consumer Health (produtos de saúde que não requerem prescrição médica). Onde parte de insumos seria “the big fish” da companhia, respondendo por cerca de metade de sua receita. Bill Anderson, que assumiu em junho o cargo de CEO da Bayer, teria admitido a possibilidade de cisão.

O que deve ser confirmar ou não apenas em 2024, já que, por hora, oficialmente a empresa segue um processo de enxugamento de sua cadeia gerencial. Aliás, enxugamento severo, já que a ideia é eliminar, até o final do ano que vem, a maioria das 12 esferas de comando que a empresa possuía quando Anderson assumiu, em junho deste ano.  Conforme o CEO, 95% da tomada de decisão na organização mudará dos gerentes para as pessoas que fazem o trabalho.

Em um comunicado ao mercado, divulgado na última quarta-feira (8), dirigente adiantou que deve haver “uma redução significativa na força de trabalho, mas sem um programa tradicional de redução de custos”. O comunicado veio na esteira da divulgação dos números do terceiro trimestre, com queda de 31% no lucro EBTDA (sigla em inglês para o resultado antes  de desconto de juros, impostos, depreciação e amortização), com resultado de 1,68 bilhões de euros.

“Quase 50 mil milhões de euros em receitas, mas fluxo de caixa zero. Simplesmente não é aceitável”, afirmou Anderson. No entanto isso ainda depende de um quarto trimestre forte, que é a grande meta imediata da empresa. No mais, as mudanças abrangendo o decorrer de 2024 estão centradas em uma verdadeira operação foco na missão da Bayer – Saúde para todos, fome para ninguém

“Nossa missão nem sempre esteve no centro de nossas operações. Isso vai mudar. Estamos redesenhando a Bayer para nos concentrarmos apenas no que é essencial para a nossa missão – e nos livrarmos de todo o resto”, destacou o CEO.

CASO EPA X CHLORPYRIFOS

Outra notícia destacada Eric Sfiligoj e Lara Sowinski no Retail Week da última quinta-feira foi a decisão do Oitavo Circuito da Corte de Apelações dos Estados Unidos, suspendendo a decisão da EPA que, em 2021, havia revogado a permissão para uso de Chlorpyrifos, um inseticida básico para proteção de lavouras. A ação foi movida por nada menos do que 20 entidades agrícolas e sentença favorável aos agricultores foi proferida no último dia 2 de novembro.

A Justiça norte-americana acatou o argumento (comprovado no processo), de que a decisão da EPA não teve justificativa técnica – já que a agência ignorou laudos técnicos de seus próprios cientistas considerando o produto seguro quando usado dentro das recomendações previstas na bula. Enquanto a discussão andava, a falta do  Chlorpyrifos acabou gerando pressão sobre outros ingredientes ativos (tanto os mais novos quanto os antigos) no arsenal dos produtores contra as pragas. Nem todos com a mesma eficiência e alguns necessitando doses maiores para garantir a mesma proteção.    

BARÔMETRO DO AGRO POSITIVO

O programa também comentou os resultados da pesquisa de outubro do  Barômetro de Economia Agrícola da Purdue University/CME Group, publicado no último dia 7. O levantamento (realizado entre 16 e 20 de outubro) mostrou agricultores em melhores condições financeiras, com rendimento da soja e milho acima do esperado e menos preocupados com risco de preços baixos para colheita e gado.

A pesquisa desta vez abordou também as ações dos produtores de milho e soja para fazer frente às mudanças climáticas. As respostas mostraram uma tendência da combinação investimentos em novas tecnologias e ampliação do plantio direto (25% dos entrevistados). Isso além mudanças no mix de culturas (23%), busca por variedades mais resistentes à seca (20%) e investimento em irrigação (9%), entre outras medidas.

Considerado uma medida nacional da saúde da economia agrícola dos EUA, o chamado Ag Economy Barometer é publicado sempre na primeira terça-feira de cada mês.

 

Comments

wonderful comments!