3 de janeiro de 2021

Indicação de Alysson Paolinelli ao Nobel da Paz deve ser oficializada nos próximos dias

Ex-ministro da Agricultura, agrônomo tem uma das trajetórias mais ricas e humanas do agro do País e sua história foi mostrada na primeira edição da revista Aviação Agrícola, do Ibravag, em agosto de 2018

O Comitê do Prêmio Nobel, na Noruega, deverá receber nos próximos dias o dossiê com a história do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli (de 84 anos), juntamente com a documentação com a indicação brasileira para o Prêmio Nobel da Paz. A documentação em inglês está pronta e o processo está sem encabeçado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). O movimento pela indicação de Paolinelli foi coordenado também por outro ex-ministro da Agricultura: Roberto Rodrigues. A iniciativa envolve 20 entidades brasileiras, que receberam o apoio de uma centena de organizações, universidades e profissionais de pelo menos 20 países.

Clique AQUI para conferir a trajetória de Paolinelli na entrevista que ele concedeu para a primeira edição da revista Aviação Agrícola – páginas 8 a 13

A indicação se baseia no fato de Paolinelli ter sido um dos principais responsáveis por viabilizar a produção de grãos no Cerrado brasileiro em larga escala, considerada a maior revolução tropical agrícola da história. O que elevou o Brasil de uma condição de importador de gêneros alimentícios nos anos 1970 para um dos maiores fornecedores mundiais de alimentos. Além da segurança alimentar, o desenvolvimento de uma agricultura tropical, capitaneado por ele, não só trouxe segurança alimentar ao Brasil e boa parte do mundo, como também garantiu sustentabilidade a partir de novas tecnologias para produtividade.

PAOLINELLI: o trabalho de uma vida em prol da segurança alimentar e sustentabilidade coloca o ex-ministro na corrida para se tornar o primeiro brasileiro a receber o Nobel da Paz – Foto: Abramilho/divulgação

Ou seja, a preservação de biomas a partir de um efeito poupa-terra. Para ilustrar: sem esse avanço da tecnologia de produtividade, para atingir a produção de 231 milhões de toneladas de grãos obtida em 2018, o País teria de usar 128 milhões a mais de área cultivável do que utiliza. Por isso (e por ter ajudado a aumentar a oferta de alimentos no mundo), Paolinelli já havia ganho em 2006 o The World Food Prize. Prêmio, aliás, criado pelo ganhador do Nobel da Paz de 1970, Norman Bourlang.

Bourlang, por sua vez, disse na época da premiação do brasileiro que o Cerrado estava sendo palco da segunda Revolução Verde da humanidade. Isso porque os pesquisadores brasileiros haviam desenvolvido técnicas que fizeram de uma área improdutiva na maior reserva de alimentos do mundo. Hoje, a região é responsável por 46% da produção brasileira de soja, 49% da de milho, 93% da de algodão, e 25% da de café. Ainda, segundo o IBGE, a região é responsável por 32% do rebanho brasileiro de bovinos e detém 22% das produções de frango e de suínos do País.

Aos 84 anos e em plena atividade, Paolinelli tem o título de Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e preside o Instituto Fórum do Futuro. Ele também é presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e ainda encabeça o Projeto Biomas Tropicais.

Neste caso, uma iniciativa focada em criar tecnologias de produção e identificar os limites sustentáveis de uso dos seus recursos naturais. Basicamente, gerar uma revolução científico-tecnológica a favor das pessoas, em harmonia com o meio ambiente e em benefício da paz mundial.

COMO FUNCIONA A ESCOLHA

Anualmente, as indicações para o Nobel são enviadas até 31 de janeiro ao Comitê do Prêmio. Isso é feito por um grupo seleto de pessoas, incluindo membros de governos nacionais, membros da Corte Permanente de Arbitragem e da Corte Internacional de Justiça de Haia, além de professores universitários e ganhadores de anos anteriores em cada categoria (Paz, Física, Química, Medicina, Literatura e Economia).

Recebidas todas as indicações do mundo todo, até o início de abril o Comitê do Nobel cria uma lista com 20 a 30 candidatos em cada categoria. Essa lista é repassada aos conselheiros do Instituto Nobel, que produzem relatórios sobre cada pessoa. O nome vencedor é escolhido no início de outubro, após análises e discussões sobre os relatórios. O voto é decidido pela maioria, embora sempre haja uma tentativa de obter consenso. A cerimônia de premiação ocorre em dezembro.

Desde 1901, foram mais de 100 pessoas foram homenageadas com o Nobel da Paz, incluindo nomes como Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela e Malala Yousafzai. A pessoa que vence essa categoria é agraciada com uma medalha, o título do Prêmio Nobel da Paz, um diploma pessoal e o equivalente a US$ 1,2 milhão (o que seria algo em torno de R$ 6,2 milhões).

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