14 de dezembro de 2020

Operadores aeroagrícolas da Califórnia criticam o Cal Fire por ignorar aviões agrícolas

Enquanto governo federal manteve empresas de sobreaviso para apoio imediato contra as chamas em reservas, em 2020 o Estado preferiu apostar apenas nos aviões maiores, que requerem maior estrutura na linha de frente

Nos Estados Unidos, empresários aeroagrícolas e produtores rurais da Califórnia criticam o Departamento de Florestas e Proteção contra Incêndios do Estado (Cal Fire) por ter passado a temporada de incêndios de 2020 (uma das maiores da história) fazendo pouco uso dos aviões agrícolas locais nas operações contra as chamas. Depois de ter contratado aeronaves agrícolas por apenas uma semana no verão nos EUA (início deste semestre), o órgão passou o resto da temporada operando apenas com seus bimotores S2T Turbo Firecat – antigos Grumman Tracker de uso naval convertidos em aviões tanque.

O problema, segundo os críticos, é que, ao ignorar este ano a força aérea agrícola local, o Cal Fire deixou de contar com aeronaves que poderiam operar em pistas improvisadas e curtas, mais próximas dos focos de incêndios e, assim, capazes de respostas mais rápidas. Em reportagem publicada na última semana pelo semanário AG Alert (clique AQUI para conferir), o presidente da Associação de Aviação Agrícola da Califórnia (CAAA, na sigla em inglês), Rob Scherzinger, reclama que cada vez menos o Cal Fire chama os Seats – referindo-se à sigla para avião tanque monomotor, que designa os modelos agrícolas nos combates a incêndios. “Enquanto a Califórnia estava queimando, havia 37 aviões prontos para operar, mas sentados no chão”, ressalta presidente da CAAA.

Já o chefe de batalhão e porta-voz do Cal Fire, Issac Sanchez, garantiu que não há proibição para o uso dos Seats e que as decisões sobre o emprego ou não dos monomotores são tomadas pelos supervisores da linha de frente. “Se o comandante do incidente ou o supervisor do grupo tático aéreo tiver a necessidade, baseada no cenário de fogo ou perspectiva, eles emitem pedido para um tipo específico de aeronave”, completa. 

CAPACIDADE

O AG Alert ouviu também o operador aeroagrícola Mike Schoenau, do condado de Tulare, que reforça as críticas. Ele ressalta que outros Estados do oeste norte-americano incluíram os aviões agrícolas nas operações contra chamas – Alasca, Colorado, Dakotas (do Sul e do Norte), Nebraska e Texas. Além do Serviço Florestal dos Estados Unidos, que inclusive tem aeronaves monomotor de sobreaviso para combater incêndios em reservas federais na Califórnia.  

Segundo Schoenau, do norte ao sul do Estado, há sempre pelo menos dois ou três aviões agrícolas em condições de emprego imediato em raios de 40 a 80 quilômetros. “Quanto mais rápido você conseguir um recurso em um incêndio, menor será”, explica o operador. Ele lembra que nessa época do ano os californianos já ficam esperando pelos ventos de Santa Ana – típico do Estado e que normalmente potencializa os incêndios florestais. “Os aviões agrícolas podem ficar parados já com a carga (de água e retardante). Daí, o tempo de resposta é em minutos.”

O advogado da Federação Agrícola da Califórnia, Robert Spiegel, também endossa o raciocínio. “As comunidades rurais são as que têm os recursos, têm os negócios lá e são as que estão sendo devastadas por esses incêndios destaca. “Por que não tentar utilizá-los? Eles estão familiarizados com a área, com as pessoas que atuam local e com os profissionais do Cal Fire, além estarem protegendo suas próprias comunidades.”

 

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