22 de junho de 2022

Pesquisa nos EUA comprova eficiência de tecnologia aeroagrícola brasileira contra mosquitos

Testes realizados em abril no Estado de Utah e divulgados esta semana aferiram a eficiência dos atomizadores da brasileira Zanoni Equipamentos em atender às normas de combate aéreo a vetores  

Depois de promover, em maio, um experimento para gerar o primeiro protocolo de avaliação da eficiência de combate a incêndio com aeronaves agrícolas no Brasil, a
empresa paranaense Zanoni Equipamentos divulgou nesta semana o resultado de testes feitos nos Estados Unidos com o uso de atomizadores brasileiros em aplicações aéreas contra mosquitos para o controle de doenças. A pesquisa ocorreu no final de abril, no Estado norte-americano de Utah, coordenados pelas empresas estadunidenses Turbine Conversions Ltd. e Vector Disease Control International (VDCI). Trabalho teve apoio ainda da empresa Allen Aviation, que se encarregou dos voos de teste.

A clínica de aeronaves avaliou a calibração e o espectro de gotas dos atomizadores da Zanoni e comprovou a eficiência do equipamento em fazer o produto chegar ao alvo na proporção certa para eliminação segura dos vetores de doenças. Ou seja, atendendo plenamente a bula dos adulticidas aprovados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e largamente usados nos Estados Unidos. Lembrando que, lá, o uso de aeronaves no combate a mosquitos, tanto em áreas urbanas quanto rurais, há mais de 80 anos faz parte das estratégias governamentais de saúde humana.

A Turbine é, desde 2018, parceira da Zanoni nos Estados Unidos – ambas, aliás, com participação confirmada no Congresso da Aviação Agrícola do Brasil, daqui a pouco mais de três semanas, em Sertãozinho/SP. Já a VDCI trabalha há 30 anos fornecendo programas completos de Gerenciamento Integrado de Mosquitos (IMM, na sigla em inglês) para controle de vetores e prevenção de doenças. Sempre com estratégias ambientalmente seguras e cientificamente comprovadas para prefeituras e Distritos de Controle de Mosquitos – os Mosquito Control Districts, que são instituições regionais que atuam em espécies de parcerias público-privadas para controle de vetores. Ela presta serviços também para associações de moradores, campos de golfe, instalações industriais e até para o Exército. Atualmente, a VDCI opera em 20 Estados norte-americanos e em outros países.

A Allen Aviation, por sua vez, tem sede na Carlina do Sul e atua também no trato de lavouras na Costa Leste dos EUA. No combate a mosquitos, há 30 anos ela presta serviços para prevenção e resposta a emergências para municípios da Carolinas do Sul e do Norte. Utilizando para isso tanto sua frota aeroagrícola (modelos Air TRactor e Thrush) quanto um bimotor Piper Aztec.

HISTÓRICO

A relação entre a Zanoni Equipamentos e a norte-americana Turbine começou a partir do Congresso AvAg (na época ainda Congresso Sindag) de 2017, em Canela, no Rio Grande do Sul. No mesmo ano, a empresa brasileira estreou na Convenção Anual da Associação Nacional de Aviação Agrícola dos EUA (NAAA, na sigla em inglês). Em 2018, as duas fornecedoras de equipamentos e serviços para o mercado aeroagrícola oficializaram a parceria, que inclui representação dos produtos da Zanoni na terra do Tio Sam e desenvolvimento em conjunto de tecnologias e novos equipamentos. No mesmo ano, a Zanoni levou para a Convenção da NAAA um de seus atomizadores rotativos.

 

Os atomizadores são equipamentos que vão na barra de pulverização da aeronave e serve para gerar gotas finas, mas exatamente no tamanho necessário para cada aplicação. Cada um é composto é composto basicamente por um tambor de tela metálica, acoplado a pequenas pás de hélice feitas de plástico – que fazem o sistema girar pelo vento do voo. Atualmente, é a tecnologia de aplicação mais utilizada para pulverização aérea de inseticidas e fungicidas na América do Sul.

Pois foi então que o empresário Bill Hatfield, da Turbine, colocou a equipe da Zanoni em contato com o empresário All Allen, da Allen Aviation. Especialista em operações antimosquitos, este, por sua vez, sugeriu algumas modificações no equipamento brasileiro. A Zanoni, então, fez o tema de casa no Paraná e enviou aos Estados Unidos o atomizador repaginado. Allen o colocou no serviço e desde 2020 constatou resultados positivos no espectro de gotas necessário para o combate a vetores.

Conforme o gerente da Turbine Mark Grahek (responsável pela gestão dos produtos Zanoni nos EUA), a percepção do potencial do produto no mercado de lá foi imediata: “Encontramos uma opção de melhor qualidade e mais acessível do que anteriormente disponível no nosso mercado.” Segundo ele, além de oferecerem melhor qualidade de aplicação, o atomizador brasileiro possui durabilidade superior e menor custo de manutenção. Desde então, a além dos testes em operações contra mosquitos, a Turbine Conversions também promoveu pesquisas com o equipamento para o controle de pragas florestais no Canadá.

Conversas entre Brasil e EUA

O teste de agora, contra vetores de doenças, foi capitaneado pela Turbine e partiu de conversas entre Grahek, Lucas Zanoni (responsável pela Pesquisa e Desenvolvimento na empresa brasileira) e a diretora técnica da VDCI (e da American Association for Mosquito Control – AMCA), Broox Boze. Em um segundo momento, Grahek e Zanoni também levaram a VDCI para um encontro virtual com especialistas brasileiros sobre o assunto. No caso, o consultor do Sindag Eduardo Araújo, o diretor-executivo da entidade, Gabriel Colle, e o presidente do Ibravag, Júlio Kämpf. O objetivo aí foi a troca de informações, enquanto (apesar de previsto em lei e a dengue ser um problema sério por aqui) o governo brasileiro não pesquisas para um protocolo de aplicações aéreas contra mosquitos no Brasil.

Conforme a diretora Boze, clínica de aeronaves em Utah foi feita com dois bimotores: um Navajo Chieftain e um Piper Aztec (clique nos nomes das aeronaves para acessar os resultados). Os testes de calibração com os atomizadores Zanoni M14 mostraram que eles foram capazes de atender aos requisitos das bulas dos a adulticidas utilizados nas operações de saúde pública. “É o padrão de espectro de gotas que precisamos para o controle de mosquitos (Dv0.5 <60um e DV0.9 <115). Muito pequenas, para garantir que haja um grande número delas no alvo (ou seja, uma grande densidade). É assim que conseguimos matar os mosquitos e garantir uma aplicação aérea segura”, resumiu.

MODELOS: a VDCI também utiliza aeronaves agrícolas Thrush (acima) e Air Tractor em suas operações, mas para os testes de agora foram feitos com bimotores Navajo (abaixo) e Aztec

 

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