15 de julho de 2022

Primeiros aviões pousam em Sertãozinho para evento aeroagrícola

Cinco outras aeronaves se juntarão no sábado aos dois modelos históricos que aterrissaram no terreno ao lado do Centro de Eventos Zanini nesta quinta, nos preparativos para o maior encontro do setor no País, que ocorrerá na próxima semana

Sertãozinho, SP – A quinta-feira (14 de julho de 2022) marcou a chegada dos primeiros dois aviões da mostra de tecnologias, equipamentos e serviços do Congresso da Aviação Agrícola (Congresso AvAg 2022), que começa na terça (19) no pavilhão do Centro de Eventos Zanini.  As primeiras a chegar no local são aeronaves históricas, exemplares de modelos dos anos de 1940 e 1950, ligados ao início da aviação agrícola no Brasil. Trata-se de duas aeronaves Piper, um PA-25 Pawnee e um PA-18 Super Cub, que ficarão à mostra na parte interna do pavilhão – logo no acesso aos estandes do evento. Já outras cinco aeronaves modernas, turboélices Air Tractor (de fabricação norte-americana), aterrissarão ali no sábado (16) e serão posicionadas na mostra externa de aeronaves, em frente ao pavilhão.

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Para a chegada dos aviões, o Sindag providenciou uma pista aeroagrícola, aberta na última semana no terreno ao lado do Centro de Eventos Zanini.  Lembrando que, pela legislação aeronáutica brasileira, a agrícola é a única aviação que pode utilizar pistas temporárias – mas apenas em operações aeroagrícolas ou em eventos do setor. O evento terá também uma mostra de drones agrícolas – com pelo menos 14 expositores dessa tecnologia presentes no evento. Além de demonstrações de aeronaves convencionais e dos aparelhos remotos. No caso dos aviões, nos três dias do Congresso AvAg (de terça a quinta-feira) ocorrerão demonstrações com lançamento de água, simulando voos de combate a incêndios – sempre ao meio-dia.

PAWNEE

O primeiro avião a chegar para o Congresso AvAg foi o Piper PA-25 Pawnee, de fabricação norte-americana. Produzido em 1959, o modelo da mostra é biplace (dois lugares) em fila. Trata-se da única aeronave desse tipo no mundo no mundo em condições de voo. Adquirida na Espanha e totalmente restaurada nas oficinas da Tangará Aviação Agrícola, de Orlândia/SP.

O modelo norte-americano Pawnee foi o primeiro avião agrícola especialmente projetado para essa atividade e fabricado em escala industrial. Criado em 1954, como modelo AG-3 (sucessor do AG-1, que foi o primeiro projeto agrícola do mundo), ele começou a ser fabricado em série em 1959. Até 1981, ele teve mais de 5 mil unidades produzidas pela norte-americana Piper Aircraft.

Em 1988, os direitos do projeto foram vendidos para a empresa argentina Laviasa Aeroindustria, que segue produzindo a aeronaves com o nome de PA-25 Puelche. Conforme dados do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), cerca de 140 Piper Pawnee ainda operam na frota aeroagrícola brasileira.

PA-18

Produzido a partir dos anos 40, para lazer ou instrução de pilotos, o Piper PA-18 é um avião que marcou o início do setor aeroagrícola no Brasil. Apesar de não ter sido o aparelho usado no primeiro voo agrícola no País (em 19 de agosto de 1947), o modelo norte-americano equipou as primeiras empresas aeroagrícolas brasileiras. Foi com um PA-18 que a pioneira Ada Rogato se tornou a primeira mulher piloto agrícola no País. Assim como foi o primeiro avião de muitos pilotos que seguiram essa carreira, parte deles ainda em atividade.

E vários desses pioneiros com seus nomes lembrados na fuselagem do modelo exposto no Congresso AvAg – numa homenagem das empresas Viagro Vidotti Agro Aérea, Volare Escola de Aviação Civil e Vimaer Manutenção de Aeronaves, de Londrina/PR. Conforme levantamento junto ao RAB da Anac, atualmente ainda existem cerca de 10 PA-18 agrícolas operando no Brasil.

Evento retorna a Sertãozinho em
momento importante para o setor

Para o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, despois de dois anos de restrições pela Covid-19, o Congresso AvAg retoma sua forma presencial em Sertãozinho (até 2019, quando chegou à cidade, era itinerante) em um momento importante para o setor. Especialmente quanto às discussões envolvendo o mercado e relações institucionais e com a sociedade. Além dos painéis abordando demandas e tendências para o setor (sobre preços de combustíveis, expectativas de safra, demanda por commodities, custos de manutenção e outros aspectos). A programação terá ainda debates sobre digitalização das empresas, melhoria contínua e tecnologias de aplicação. Sem contar as reuniões paralelas com empresários, autoridades e especialistas.

Entram aí também a mostra de equipamentos. Desde DGPSs de última geração (que não só orientam o piloto em cada “tiro” sobre a lavoura, como já comandam o sistema de aplicação com exatidão de centímetros e ainda registram toda a operação) até aviões turboélices de alto desempenho. E passando por sistemas que fazem a “sintonia fina” nos ajustes de precisão de bicos e atomizadores de gotas.

DRONES E ACADEMIA

Sem falar dos drones, que desta vez chegam com força no rol das vedetes da mostra de tecnologias. Em nada menos do que 14 estandes e com demonstrações de voo inclusive de um aparelho com motor movido a etanol, que promete quebrar as limitações de autonomia das baterias elétricas – até então o principal entrave para melhores desempenhos no trato de lavouras.

Com espaço também para a mostra de universidades, escolas técnicas da região e a presença de entidades reguladoras do setor, como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Ministério da Agricultura. Aliás, na parte de pesquisas, a programação do Congresso AvAg abrange a mostra do Congresso Científico de Aviação Agrícola, com nove trabalhos disputando premiação da primeira a terceira colocações e o destaque Especial Inovação. Com o cenário acadêmico tendo ainda a formatura das duas primeiras turmas do MBA em Gestão, Inovação e Sustentabilidade da Aviação Agrícola (parceria entre Sindag e Faculdade Imed, de Passo Fundo/RS).

ENTRE AS MAIORES DO MUNDO

Atualmente, o Congresso AvAg é o principal evento aeroagrícola brasileiro – e um dos maiores do mundo no setor, a lado de encontros similares nos Estados Unidos, China, Argentina e Uruguai. Além disso, o Brasil tem a segunda maior frota mundial de aeronaves, com mais de 2,4 mil aviões e helicópteros atuando no campo. Atrás apenas dos norte-americanos e à frente de potências como a Argentina, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e outros países.

“É uma aviação que tem um papel importante no trato de lavouras (aplicação de produtos químicos ou biológicos, semeadura e aplicação de fertilizantes), por ser a única ferramenta para isso com regulamentação específica e ampla, além de contar com pessoal especializado em todas as fases de sua operação”, explica Thiago Silva. Ele assinala ainda predicados como velocidade e precisão que não só otimizam a aplicação de insumos (pela diminuição de perdas e evitando a necessidade de retrabalho), como também evitam as perdas por amassamento da cultura (já que não há máquina rodando sobre as plantas). “Por isso, é uma ferramenta indispensável em lavouras essenciais ao País, como soja, cana, arroz, algodão e outras”, explica.

COMBATE AO FOGO

Aliás, a expectativa do setor é de que o emprego de seus aviões contra chamas em reservas naturais e em plantações aumente bastante a partir de agora. Não só pela temporada de incêndios, que está começando (na maior parte do País ela vai de julho a setembro), mas pela aprovação pelo Congresso Nacional, em 22 de junho, do Projeto de Lei (PL) 4.269/2020.

O dispositivo, que aguarda sanção do presidente da República, altera o Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012), incluindo de maneira consistente e definitiva a aviação agrícola nas políticas governamentais contra as chamas no Brasil. Só no ano passado, segundo levantamento do Sindag junto a empresas do setor e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, que já contrata aviões para proteção de reservas federais ), aviões agrícolas brasileiros lançaram quase 20 milhões de litros de água contra chamas no Pantanal, Chapada dos Veadeiros, Cerrado Nordestino e outras áreas de reservas, além de incêndios em lavouras no País.

DÉCADAS DE HISTÓRIAS E ENCONTROS

Dentro da programação, a volta à normalidade nesta pós fase crítica da Covid está sendo festejada com o tema Novos Tempos. Mas também celebrando o passado, já que o Congresso AvAg 2022 marca ainda as comemorações dos 75 anos da aviação agrícola brasileira. Assim, além das homenagens previstas na programação, os principais espaços do evento foram renomeados em reverência aos pioneiros do setor no País. 

“Além disso, há 30 anos o Sindag organiza o encontro anual do setor, que ocorre nesta época não por acaso. É que, como a metade do ano marca a entressafra na maior parte do País, é o momento em que empresários, pilotos e outros profissionais do setor podem se dar um tempo para esse reencontro com os colegas”, explica Thiago Silva.

Uma realidade que, na verdade, já se repete há mais de 50 anos. Já que o primeiro encontro aeroagrícola do País foi promovido em 1971, pelo Ministério da Agricultura. Neste caso, a Reunião Anual dos Aplicadores Aéreos Brasileiros, realizada entre 9 e 18 de julho daquele ano, no Parque Anhembi, em São Paulo – ocorrida dentro da 3ª Feira da Técnica Agrícola (Fetag). 

TURBOÉLICES

A fábrica norte-americana Air Tractor, localizada em Olney, estado do Texas, é a maior fornecedora de aviões agrícolas no mundo. Além de ter no brasil seu segundo mais importante mercado, ela participa todos os anos do encontro aeroagrícola promovido pelo Sindag. Desta vez, a empresa está levando para a feira exemplares de seus modelos AT-402B, AT- 502B, AT-502XP, AT-602 e AT-802A. Todos aparelhos turboélices e com capacidade de carga de cerca de 1,5 mil até 3 mil litros. Muitos deles utilizados largamente também em operações de combate a incêndios. Atualmente, a Air Tractor possui cerca de 500 aviões no Brasil, representando em torno de 20% da frota aeroagrícola brasileira.

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