28 de fevereiro de 2021

Serviço Florestal dos EUA prepara aplicação aérea de feromônio contra mariposas

Consulta pública sobre aplicações em reserva natural da Virgínia segue até o final de março e operações devem ocorrer em junho

O Serviço Florestal dos Estados Unidos abriu consulta pública sobre um programa de combate à mariposa cigana que prevê aplicação aérea de feromônios em áreas de floresta. Na verdade, trata-se da versão sintética (SPLAT GM Organic) do feromônio produzido pelas mariposas fêmeas para atrair os machos para acasalamento. A intenção do Serviço Florestal é lançar o produto em 8,5 mil hectares de florestas na Área Nacional de Recreação do Monte Rogers, no sudoeste do Estado da Virgínia.

A notícia foi publicada neste domingo (28) no jornal The Roanoke Times, da cidade de Roanoke, Virgínia. A  consulta pública segue até o final de março e o objetivo é realizar as operações no início de junho – época de acasalamento dos insetos. O feromônio sintético é biodegradável e não representa ameaça a animais ou pessoas. Para as mariposas machos, a combinação de feromônios reais (das fêmeas) e falsos gera uma confusão que faz com que eles não encontrem as fêmeas para acasalar. A técnica reduz em até 95% a postura de ovos. O que reflete em menos lagartas comendo as folhas das árvores e menos insetos se reproduzindo na temporada seguinte.

HISTÓRICO

A técnica já é usada com sucesso desde 2000 contra infestações na Floresta Nacional Jefferson, na área dos Montes Apalaches, no mesmo Estado. As mariposas vivem apenas duas semanas, tempo no qual se empenham o máximo possível em se reproduzir (elas nem comem nesse período).

 

 

 

Estratégia é evitar o acasalamento das mariposas…
Foto: US Forest Service

Porém a voracidade está toda na faze de lagarta, onde cada inseto pode consumir cerca de 10 metros quadrados de folhagens. As mariposas depositam os ovos em troncos, galhos e rochas. Onde eles sobrevivem ao inverno e eclodem justamente no período em que as folhas estão bem verdes. Apesar de ser prejudicial especialmente em florestas de carvalho, as larvas têm pelo menos 500 espécies de árvores em seu “cardápio”.

Só na Floresta Jefferson – onde o inseto foi identificado pela primeira vez nos anos 1980, uma infestação de 2015 a 2018 desfolhou cerca de 120 mil hectares de árvores.

Em todo o Estado da Virgínia, cerca de 1,8milhões de hectares de florestas foram impactados desde 1984. Plantas com algum problema não costumam resistir ao primeiro desfolhamento severo. Mas mesmo as árvores saudáveis podem morrer em dois ou três desfolhamentos.

…que geram lagartas que podem consumir 10 m2 de folhagens cada uma

Originária da Europa, a mariposa cigana chegou aos Estados Unidos pelo Estado de Massachusetts, em 1869. A ideia era cruzá-la com mariposas de seda nativas. A experiência não deu certo e as larvas escaparam de gaiolas no quintal de um entomologista amador. A partir daí começaram a se espelhar pelo país, seja partir de ovos levados pelo vento ou viajando de carona em lenha e carros de campistas.

Para aqueles de vocês que ainda estão conosco, o Serviço Florestal dos EUA está fazendo comentários públicos sobre um programa – que descreve mais discretamente como um “tratamento de interrupção do acasalamento” – para erradicar uma espécie invasora que se alimenta vorazmente de folhagens.

Mariposas ciganas também têm um grande apetite por sexo. E o sexo de mariposa desprotegido leva a lagartas, que despojaram carvalhos e outras madeiras de suas folhas no sudoeste da Virgínia e além.

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