26 de julho de 2020

Técnicos do Senasa avaliam neste domingo se nuvem de gafanhotos foi extinta em Entre Rios

Técnicos do Senasa avaliam neste domingo se nuvem de gafanhotos foi extinta em Entre Rios

Pulverizações aéreas e terrestres abrangeram 380 hectares no município de Federación, contra os insetos que desde junho estão na área de fronteira com Brasil e Uruguai

Técnicos do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) devem confirmar neste domingo se foi extinta a nuvem de gafanhotos que desde junho circulava em áreas de fronteira do país com o Brasil e o Uruguai. Acompanhados de produtores rurais de Federación, na província de Entre Rios, eles devem percorrer as áreas onde no sábado ocorreram pulverizações com tratores e com avião. O trabalho coordenado foi em nove propriedades rurais, cobrindo 380 hectares e abrangendo pomares de cítricos e floresta comercial de eucalipto. O município fica na divisa com o território uruguaio e a cerca de 100 quilômetros da cidade gaúcha de Barra do Quaraí.

Da espécie sul-americano (Schistocerca cancellata), os gafanhotos vieram do Paraguai e desde junho percorriam áreas de fronteira argentina com o Brasil e Uruguai. A nuvem chegou a Federación na terça (21). Na quarta uma operação aérea contra os insetos chegou a ser abortada na última hora, devido ao nevoeiro. Já na quinta, depois da pulverização aérea ter sido novamente cancelada na última hora, produtores do município entraram em ação com seus equipamentos – pulverizadores tipo turbina, acoplados em tratores.

O trabalho foi coordenado com o Senasa (que também fornece o produto a ser aplicado) e representantes do Departamento de Defesa Vegetal da província. Embora as autoridades não tenham divulgado o percentual da nuvem eliminada na primeira ação, ela havia sido considerada “muito boa”. Já a operação deste sábado começou às 9 horas, com sete produtores usando seus pulverizadores terrestres em 290 hectares. Entre as 13h30 e as 14h45, um avião agrícola se encarregou dos gafanhotos espalhados pelos 90 hectares restantes. A movimentação foi principalmente na altura dos quilômetros 296 a 298 da Ruta 14.

MAIS DUAS NUVENS

Os gafanhotos combatidos neste sábado em Entre Rios haviam entrado na Argentina em maio, vindos do Paraguai. A nuvem chegou a ter 15 quilômetros quadrados em voo, segundo o Senasa. Cerca de um terço dela havia sido eliminada em ações anteriores – principalmente duas pulverizações aéreas ocorridas em Corrientes, em 26 de junho e 2 de julho.

Havia mais de 70 anos que uma nuvem tão grande de insetos não se aproximava da fronteira argentina com Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Inclusive o surto ocorrido em 1947 determinou o surgimento da aviação agrícola brasileira, que teve seu primeiro voo em 19 de agosto daquele ano, contra gafanhotos no município gaúcho de Pelotas.

O Senasa também segue monitorando outra nuvem, ainda maior – com 20 quilômetros quadrados, localizada na segunda-feira (20) 700 quilômetros a noroeste. A segunda leva de insetos também teria entrado a partir do Paraguai, na província argentina de Formosa. Na terça, os gafanhotos chegaram à província do Chaco, onde seguem sendo rastreados pelo langosteros – apelido dos técnicos do Senasa, a partir da palavra espanhola para gafanhotos.

E há ainda uma terceira nuvem no Paraguai, que teria aparecido dia 16 de julho no radar do Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes paraguaio (Senave). A última localização dos insetos anunciada pelo Senave foi na terça (21), na localidade de Picada 500, a cerca de 200 quilômetros da fronteira argentina.

 

Governo gaúcho publicou plano de supressão contra a praga

 A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) publicou na sexta-feira (24), o Plano de Emergência para Supressão e Controle de Gafanhotos no Estado. Definido pela Instrução Normativa (IN) nº 17/20, o plano abrange ações emergenciais contra o gafanhoto sul-americano, cria o Comitê de Emergência Fitossanitária do Estado e estabelece regas para as operações aéreas e terrestres contra a praga, entre outras ações.

O governo gaúcho também teve confirmado durante a semana a liberação de R$ 600 mil do Ministério da Agricultura. Recurso para custear as ações contra gafanhotos, caso alguma nuvem ainda entre no Estado.

Desde o final de junho, a SEAPDR realizou dois cursos para treinar seus fiscais agropecuários e técnicos da Emater para o monitoramento das nuvens e atuação nas operações. Além disso, a secretaria mapeou estoque nos produtos autorizados para as operações, em fornecedores de todo o Estado. Além disso, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) mapeou para o Estado a localização de 70 aeronaves de prontidão nas regiões de fronteira do Estado – entre uma frota de mais de 400 aeronaves colocadas à disposição do governo gaúcho.

PRODUTOS

O Plano de Supressão de Gafanhotos complementa as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na Portaria 208/20, de 29 de junho. O documento federal autoriza, em caráter emergencial e temporário, o uso de oito produtos princípios ativos químicos e biológicos contra os gafanhotos. A lista foi elaborada aproveitando parâmetros do programa contra gafanhotos da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Programa Nacional de Gafanhotos e Ticuras da Argentina, que existe desde 1891 (129 anos). A portaria da Mapa também padrões de segurança para seu uso.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também havia declarado Estado de Emergência Fitossanitária em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, pela presença de uma praga tão voraz na fronteira argentina com os dois Estados. A decisão, que possibilitou todas as outras providências, vale pelo período de um ano – segundo a Portaria 201/20.

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