18 de julho de 2022

TUDO PRONTO: Congresso AvAg volta a aterrissar em Sertãozinho, após três anos de jejum

O Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (Congresso AvAg) 2022 já aterrissou (literalmente) em sertãozinho/SP, após três anos de jejum. O evento – que teve sua última edição na cidade em 2019, passou 2020 e 2021 com edições via web devido à pandemia da Covid-19 – teve seu ponto alto nos preparativos de agora com a chegada de quatro aeronaves turboélice Air Tractor. Elas que já estão posicionadas na mostra externa do pavilhão do Centro de Eventos Zanini e aterrissaram na pista aeroagrícola aberta especialmente para o evento, que ocorre na próxima semana.

Onde já haviam aterrissado, na quinta-feira (14), os dois aviões Piper históricos que ocupam o espaço na entrada da mostra interna do pavilhão. No caso, um PA-25 Pawnee biplace de instrução, fabricado em 1959 (único exemplar do mundo em sua configuração); e um PA-18 Super Cub, adesivado com os nomes de dos pilotos e operadores que utilizaram essa aeronave em configuração agrícola, no alvorecer do setor no País.

A programação do Congresso AvAg vai de terça a quinta-feira (dias 19 a 21), com entrada gratuita

Do lado de dentro também segue intenso o ritmo na etapa final de preparativos para a mostra de tecnologias, equipamentos e serviços. Além da arena onde ocorrerão os debates e painéis sobre mercado, pesquisas, melhoria contínua, políticas e perspectivas sobre o setor. Sem falar no auditório onde serão apresentados lançamentos dos fornecedores, da arena de drones e do próprio espaço para as demonstrações dos equipamentos remotos.

EXPECTATIVA DE RECORDES

Congresso AvAg é um dos maiores encontros aeroagrícolas do planeta, com ótimas expectativas para a volta de sua programação presencial, após dois anos de encontros apenas via web. “A área de estandes supera em 50% o espaço da última edição presencial (em 2019), que já havia sido a maior até então – desde o início dos eventos aeroagrícolas no País, nos anos 1970”, completa o dirigente.

Entre as atrações da feira (que será no pavilhão do Centro de Eventos Zanini), junto com as tradicionais demonstrações de aeronaves agrícolas, desta vez os drones também figuram com força entre as vedetes da mostra de tecnologias, equipamentos e serviços do setor. Em nada menos do que 14 estandes com muitas novidades. Já no segmento das aeronaves pilotadas, a confirmação dos fabricantes norte-americanos mais uma vez assinala a importância do mercado brasileiro, que tem a segunda maior frota mundial do setor – atrás apenas da dos Estados Unidos.

E que no ano passado cresceu 3,4%, chegando a 2.432 aeronaves atuando em 23 Estados, conforme levantamento nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Aliás, incremento que só não foi maior porque as fabricantes de aviões agrícolas (as norte-americanas Air Tractor e Thrush Aircraft e a brasileira Embraer) não conseguiram acompanhar o incremento na demanda do agro durante a pandemia.

O mercado brasileiro pedia 50 aeronaves a mais do que as 80 que entraram em 2021, segundo estimativas da entidade aeroagrícola. Nesse caso, aparelhos com capacidades de carga entre 1 mil e 3 mil litros, utilizados tanto para a aplicação de produtos químicos ou biológicos para o controle de pragas, quanto para semeadura e aplicação de fertilizantes. E até combate a incêndios florestais.

TECNOLOGIAS

Na parte de tecnologias embarcadas – outro ponto tradicionalmente forte do Congresso AvAg, as empresas chegam não só com uma variedade maior de fornecedores, como mostrando as credenciais de um Brasil que já exporta equipamentos de ponta. “Temos pelo menos 30 empresas que estão expondo pela primeira vez em nosso Congresso”, explica a coordenadora administrativa do Sindag (e do evento), Marília Luíze Schüler.

A mostra terá desde os aparelhos DGPS (que funcionam como computador de bordo, guiando o piloto exatamente sobre cada faixa de aplicação e controlando fluxo e abertura e fechamento da pulverização) até comportas especiais de incêndio – que melhoram o desempenho das aeronaves em lançamentos de água contra chamas em vegetação. Aliás, demonstrações de combate a incêndio com aviões estão no rol das atrações na parte externa do pavilhão de 12 mil metros quadrados da feira.

Entre as várias tecnologias embarcadas, a exposição interna terá ainda sistemas de bicos e atomizadores (que controlam o tipo de gota necessário em cada aplicação) e até os serviços das chamadas clínicas de aeronaves. Neste caso, especialistas que vão a campo com equipamentos especiais para fazer a sintonia fina dos equipamentos aeroagrícolas, garantindo total precisão nas aplicações em lavouras. “Para completar, como sempre o encontro aeroagrícola terá também a presença maciça de técnicos e dirigentes de órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), entre ouras autoridades”, completa Marília.

MERCADO EM PAUTA

Para o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, o Congresso AvAg volta à sua velha forma em um momento importante para o setor também nas discussões sobre o mercado e relações institucionais. Além dos painéis abordando demandas e tendências de mercado para o setor – a partir de temas como preços de combustíveis, expectativas de safra, demanda por commodities, custos de manutenção e outros aspectos, a programação terá debates sobre digitalização das empresas, melhoria contínua e tecnologias de aplicação.

Com espaço ainda para geração de conhecimento e capacitação de pessoal. Ênfase aí para a apresentação e premiação dos trabalhos acadêmicos do Congresso Científico da Aviação Agrícola e Competição de Mecânicos (neste caso, em parceria com o Senai e Centro de Serviços Aeronáuticos – CSA). Além da formatura das duas primeiras turmas da pós-graduação MBA em Gestão, Inovação e Sustentabilidade Aeroagrícola. Ainda no quesito qualificação, o Sindag deve lançar também o seu sistema BigData, reunindo em uma única plataforma acesso a dados estatísticos de diversas fontes oficiais. Permitindo consultas amplas sobre frotas de aviões e drones, acidentes e outras informações. Além de mensurar o desempenho das ações de melhoria contínua do Sindag junto ao setor.

Outros destaques do evento ficarão por conta do lançamento do programa Boas Práticas Aeroagrícolas (BPA), do Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag). Neste caso, uma parceria entre o Ibravag e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional), abrangendo 80 empresas aeroagrícolas. A iniciativa deve durar 18 meses, com um aporte de R$ 3,4 milhões. O BPA prevê ações que vão desse o diagnóstico completo da empresa até pesquisas de mercado sobre as possibilidades de ampliação da atuação do setor nas lavouras e regiões do País. Sem falar em ferramentas para gestão e na plataforma de negócios, que também deve ser apresentada às empresas parceiras dentro do Congresso AvAg.

Homenagens no jubileu de diamante do setor

Dentro da programação, a volta à normalidade neste pós-fase crítica da Covid está sendo festejada com o tema Novos Tempos. Mas também celebrando o passado, já que o Congresso AvAg 2022 marca ainda as comemorações dos 75 anos da aviação agrícola brasileira. Assim, além das homenagens previstas na programação, os principais espaços do evento foram renomeados em reverência aos pioneiros do setor no País.

Com isso, a arena principal de palestras e debates chama-se Clóvis Gularte Candiota, o patrono do setor aeroagrícola brasileiro. Relembrando o primeiro piloto agrícola e um dos primeiros empresários aeroagrícolas do País, junto com o engenheiro agrônomo Leôncio de Andrade Fontelles. Protagonistas da primeira operação de aviação agrícola no Brasil, na tarde de 19 de agosto de 1949, no combate a uma nuvem de gafanhotos na cidade de Pelotas/RS.

Fontelles, aliás, no Congresso AvAg empresa seu nome ao auditório de apresentações técnicas e produtos. Ele que naquele dia há 75 anos voou com Candiota operando o equipamento encomendado por eles de um funileiro local e acoplado ao biplano Muniz M-9 do aeroclube da cidade. Foi do engenheiro agrônomo a iniciativa da operação, a partir de informações de como eram feitas missões semelhantes em outros países.

Já a primeira brasileira a pilotar em uma operação agrícola é lembrada na Praça Ada Leda Rogato, dentro do espaço da feira. A paulista teve sua primeira missão aeroagrícola em pleno sábado de carnaval (mostrando que, desde sempre, o agro não para), no dia 7 de fevereiro de 1948. Menos de seis meses depois do voo de Candiota e Fontelles e, desta vez, para combater a broca-do-café em cafezais entre os municípios paulistas de Gália, Garça, Marília e Cafelândia. Na ocasião, ela pilotou um CAP-4 Paulistinha, de 65 hp, a serviço do Instituto Brasileiro do Café (IBC).

MEDALHA DA AVIAÇÃO AGRÍCOLA

Os engenheiros agrônomos Alan McCracken e Marcos Vilela de Magalhães Monteiro serão homenageados pelo Sindag com a medalha Mérito da Aviação Agrícola deste ano. A entrega da premiação será durante o Jantar da Aviação Agrícola, no próximo dia 19. A movimentação será na Arena Clovis Candiota, no pavilhão do Centro de Eventos Zanini, no primeiro dia do Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (Congresso AvAg), em Sertãozinho/SP. Distinção máxima da aviação agrícola brasileira, a premiação tem como objetivo reconhecer os feitos de profissionais que contribuíram de forma significativa com o crescimento e evolução do setor

Lançada em 2017, a medalha teve como primeiros ganhadores os agrônomos Eduardo Cordeiro Araújo e José Carlos Christofoletti. No ano seguinte, os agraciados foram o engenheiro aeronáutico americano Leland Snow e o agrônomo Yasuzo Ozeki (ambos in memoriam) e, em 2019 (última edição presencial do Congresso AvAg, devido às restrições da pandemia da Covid 19), a distinção foi para o tenente-coronel da Força Aérea Marialdo Rodrigues Moreira, o empresário aeroagrícola Euclides de Carli (ambos in memoriam) e para o engenheiro agrônomo e professor Wellington Pereira Alencar de Carvalho.

 

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