20 de dezembro de 2020

Drones começam a ser usados para polinização de milho nos EUA

Fabricante de equipamentos remotos de Iowa está recebendo US$ 7,5 milhões de investidores para desenvolver a tecnologia

Nos Estados Unidos, drones começam a ser usados em um projeto inovador para polinização de lavouras de milho. A iniciativa é da agtech Rantizo, da cidade de Iowa, no estado norte-americano de mesmo nome. Para isso, a fabricante de aparelhos remotos para pulverização, semeadura e captação de imagens anunciou a captação de Us$ 7,5 milhões junto a investidores. Recurso que será usado no aprimoramento da tecnologia e fabricação de novos equipamentos. A lista de quem está apostando na ideia conta desde investidores de Memphis (capital do algodão do país) até o programa Saltos da Bayer, que busca tecnologias com potencial inovador.

A notícia foi publicada pelo Silicon Prairie News, o portal de notícias do Instituto de Gestão Aplicada à Informação (Instituto AIM, na sigla em inglês, uma ONG que promove novas tecnologias). O CEO da Rantizo, Michael Ott, conversou com a reportagem do portal de notícias da AIM durante a convenção anual da Associação Nacional de Aviação Agrícola dos EUA (NAAA, na sigla em inglês), ocorrida de 7 a 10 de dezembro, em Savannah, no Estado da Geórgia. Segundo Ott, sua empresa é a única a utilizar a tecnologia de drones na polinização de milho. “Muitos investidores estratégicos estão avaliando suas opções futuras e tentando direcionar seus negócios para onde os mercados irão, em vez de se concentrar no que já fizeram”, comentou.

Confira AQUI a reportagem original

Ajuda dos aparelhos remotos na fertilização das espigas ajuda na produtividade e seleção genética das lavouras – foto: Rantizo/divulgação

Para sua reprodução, a flor masculina do milho (no topo da planta) produz o pólen que é levado principalmente pelo vento (e por insetos) ao cabelo (ou barbas) das espigas, onde vai gerar os frutos (grãos). Normalmente uma planta poliniza outras em seu redor – a média de autofecundação é de apenas 2%. Segundo especialistas, no caso de uma polinização provocada (por drone), uma das principais vantagens seria a seleção genética, garantindo híbridos de maior produtividade e resistência a doenças e pragas.

Algo extremamente importante para os EUA, considerando que o país que tem o grão como seu principal produto agrícola. E do qual é o maior produtor mundial – a colheita por lá deve chegar a 376 milhões de toneladas este ano. Interessante também para o Brasil, que tem no milho o segundo principal grão de suas lavouras, com uma safra estimada em 102,6 milhões de toneladas para este ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

COMPLEMENTARES

Para a NAAA, os drones “são considerados uma ferramenta complementar aos métodos de aplicação aérea tripuladas, não uma substituição por atacado”, segundo o diretor-executivo da entidade aeroagrícola, Andrew Moore – em uma coluna de maio de 2019, citada pela reportagem. A NAAA abrange 1,9 mil associados, em 46 estados, e estima que a aviação agrícola norte-americana trate cerca de 28% dos 167,8 milhões de hectares ocupados por lavouras de todos os tipos no país.

Já no Brasil, a estimativa do Sindag é de que a aviação agrícola atue em 25% dos cerca de 65,6 milhões de hectares cultivados no País (segundo a Embrapa). Aqui também os aparelhos operados remotamente são considerados como complementares às aeronaves agrícolas. Tanto que o Sindag e o Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola contam com empresas de drones em seus quadros. Mais do que isso, o sindicato aeroagrícola brasileiro foi provavelmente a primeira entidade no mundo a ter uma empresa de drones como associada.

Além disso, tanto nos EUA quanto no Brasil os órgãos reguladores estão preparando normas específicas para o uso desse tipo de equipamento em lavouras. Por aqui, o Ministério da Agricultura deve lançar uma Instrução Normativa (IN) para drones de pulverização. Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) está preparando um protocolo para pulverizações feitas por aparelhos remotos. Em ambos os países, o equipamento já é regulado pelas respectivas agências de aviação (FAA lá e Anac aqui).

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