Apresentações mostraram que o País sofre pela subutilização da aviação agrícola contra as chamas, ao mesmo tempo em que a melhor resposta para o problema está vindo do setor privado

Um debate técnico que deixou claro o quanto a ferramenta aérea ainda é subutilizada no País para operações de combate a incêndios em áreas de reservas naturais e lavouras. E o quanto se perde sem os aviões em cena ou quando se demora para colocá-los nas frentes de combate. Por outro lado, o evento mostrou também como o plano de trabalho das entidades aeroagrícolas deve ajudar a aumentar a massa de profissionais capacitados para esse tipo de operação, ao se estabelecer uma doutrina de combate a incêndios em vegetação própria para o País. Além da importância do exemplo do setor privado, onde grupos empresais ligados ao agronegócio já adoraram a presença do avião em ações de primeira resposta às chamas. Com estratégias consolidadas para articular as operações em terra com o suporte aéreo.  

Confira abaixo o vídeo do último dia do seminário

Assim foi o segundo dia do Seminário Combate a Incêndios em Cobertura Vegetal com Aviação Agrícola, promovido pelo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e pelo Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag). A programação da quinta-feira (8) teve a participação do consultor Rodrigo Tadeu de Araújo, diretor técnico da RTC Gestão de Riscos e especialista no tema. Juntamente com representantes da empresa brasileira Zanoni Equipamentos (que fabrica comportas de incêndios para aeronaves) e das fabricantes norte-americanas de aviões agrícolas Air Tractor e Thrush Aircraft. O seminário integrou o projeto Aviação Agrícola 2022, que tem patrocínio da Syngenta.

 TENDÊNCIAS E ESTRATÉGIAS

Mediado pelo diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle, o encontro avançou sobre o foco do Sindag e do Ibravag em se ampliar capacitação e pilotos, dirigentes, técnicos e pessoal de solo na questão, ao mesmo tempo em que as fabricantes sinalizaram que a intenção de investir cada vez mais nesse setor. Foram quase três horas de apresentações e discussões

Os três representantes de empresas apresentaram também seus aviões e os avanços em equipamentos embarcados. O próprio presidente da Air Tractor, Jim Hirch, participou da discussão diretamente da sede da empresa, em Olney, no Estado norte-americano do Texas. Já pela Thrush falou seu representante no Brasil Arthur Lorgan, enquanto o empresário Sérgio Zanoni falou pela Zanoni Equipamentos, da qual é também o engenheiro-chefe.  

Questões técnicas, estratégias, formação e equipamentos estiveram em discussão em quase três horas de evento

O consultor Rodrigo Araújo falou sobre trabalho coordenado nas frentes de combate, comunicação, segurança, uso de aditivos na água contra as chamas, dimensionamento de estruturas e outros aspectos das operações. Ele destacou que, diferente de países como Estados Unidos e Canadá, além da Europa, onde são empregados grandes aviões, o Brasil deve achar seu caminho com a frota e aviões menores, aproveitando sua realidade aeroagrícola.

Já quanto à discussão se o avião faz ou não a diferença contra as chamas, o especialista considera isso uma questão superada. “Considerando que em 1923 os Estados Unidos já discutiam como usar a aviação contra incêndios, permanecer nesse debate seria retroceder quase 100 anos”, comparou.

O consultor apresentou ainda o currículo do Curso de Introdução ao Emprego de Aeronave Agrícola de Asa Fixa no combate a Incêndio em Coberturas Vegetais, que ocorrerá na modalidade EAD, nos dias 3, 4, 10 e 11 de maio. O curso foi lançado no primeiro dia do seminário e vai ocorrer dentro do projeto Universidade Corporativa da Aviação Agrícola (UCAA) e é aberto a todos os profissionais e técnicos que atuam no setor aeroagrícola. O passo seguinte será ainda o lançamento do curso prático de combate a incêndios com aeronaves – neste caso, só para pilotos.  

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