2 de abril de 2021

Austrália: comissão recomenda maior investimento em aviação contra incêndios

Relatório sobre a temporada catastrófica entre 2019/20 fez mais de 80 apontamentos de ações gerais para melhorar o monitoramento e a resposta ao fogo em vegetação

Melhorias no sistema de comunicação entre as aeronaves (especialmente as de reconhecimento) e as equipes de terra, melhorar a logística de aquisição e compartilhamento de aeronaves entre os Estados e condados e melhorar os contratos com empresas aeroagrícolas para disponibilidade de aeronaves na fase inicial e de apoio em cenários de emergência. Essas são algumas das 80 recomendações de providências constantes no relatório da Comissão Real da Austrália sobre a temporada de incêndios florestais 2019/2020 no país – o chamado de Verão Negro. Segundo o documento, a tomada de decisões estratégicas para melhorar a capacidade de resposta aérea contra as chamas é urgente porque o cenário do Verão Negro tende a não ser uma exceção. Devido principalmente às mudanças climáticas.

O assunto é tema de uma reportagem da revista AirMed & Rescue publicada na quinta-feira, dia 1º (veja AQUI). A matéria aborda inclusive a necessidade do governo australiano reavaliar a foram de contrato das empresas aeroagrícolas pelo Centro Nacional de Combate a Incêndios Aéreos (NAFC). Segundo a revista, o relatório da Comissão sobre o Verão Negro demonstrou que os termos atuais de contratação dos aviões agrícolas – classificados como Single Engine Airtankers (SEATs) – desincentiva a própria oferta de aeronaves.

Modalidade de contratos governamentais não incentiva os operadores a investirem em equipamentos ou tecnologias melhores contra o fogo – Foto: Dunn Aviation/Ballidu

AGRÍCOLAS
A Associação de Aplicadores Aéreos da Austrália (AAAA), que também foi ouvida pela Comissão, os problemas que vão desde contratos curtos (modelo do tipo Chamada Quando Necessário) para trabalhos mínimos até a demora no anúncio dos vencedores dos contratos. O que barra também o investimento, por parte dos empresários, em equipamentos. Conforme a entidade aeroagrícola, a dependência por aviões do exterior para as temporadas de incêndio é um risco à própria soberania do país.

A temporada de incêndios 2019/20 foi uma das piores da história da Austrália. As chamas devastaram 18 milhões de hectares de vegetação, atingindo também 5 mil casas e outras construções e matando pelo menos 34 pessoas – incluindo bombeiros aéreos. O Verão Negro foi causado por uma combinação de seca prolongada e temperaturas acima da média.

Cerca de 2/3 das aeronaves utilizadas nas operações contra chamas na Austrália são de propriedade ou contratadas pelos governos estaduais ou territoriais. O restante é contratado pelo NAFC. O governo australiano está comprometido em fornecer aproximadamente US$ 15 milhões por ano durante o período de 2018 a 2021, para operações contra as chamas. Cerca de 500 aeronaves são usadas em operações aéreas de combate a incêndios em toda a Austrália, com a frota NAFC representando aproximadamente 160 delas.

As operações contra chamas de 2019/20 também tiveram 66 aeronaves estrangeiras operando na Austrália. Oriundas de países como Canadá, Fiji, França, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Cingapura e Estados Unidos.

BRASIL

No Brasil, apesar da aviação agrícola atuar pelo menos desde 1991 em operações contra incêndios em cobertura vegetal – em apoio a brigadistas de órgãos federais, bombeiros e pessoal de lavouras ou reservas particulares, agora é que esse trabalho pode se tornar política de governo. Isso por conta do Projeto de Lei (PL) 4.629/20, do senador Carlos Fávaro (PSD-MT). A proposta foi aprovada no Senado e tramita agora na Câmara dos Deputados. Paralelamente, o Sindag e o Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag) elaboraram um Plano de Trabalho para elaboração uma doutrina para esse tipo de missão no Brasil. O que será tema do web seminário promovido pelas duas entidades e marcado para os dias 7 e 8 de abril.

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