21 de julho de 2021

Congresso AvAg teve 2 mil participantes em 47 salas virtuais no primeiro dia

Mercado e tecnologias marcaram a abertura e, nesta quarta, os destaques serão os debates sobre segurança, pesquisas e políticas para o setor, além das rodadas de negócios e mostras nos 64 estandes virtuais  

Cerca de 2 mil pessoas passaram pelas 47 salas virtuais do primeiro dia do Congresso da Aviação Agrícola do Brasil, que começou nesta terça (20) e segue até quinta-feira. Os destaques do início de programação foram as palestras e debates abordaram tecnologias de aplicação, expectativas de mercado e articulação entre as instituições aeroagrícolas do Mercosul. Entre números citados no evento até aqui, foi confirmada a perspectiva de crescimento em torno de 4% na frota aeroagrícola brasileira em 2021 que deve bater as 2.450 aeronaves. Além disso, as fabricantes já estão recebendo pedidos de aviões para 2022.

O evento segue com inscrições gratuitas, clicando AQUI

entre as tecnologias embarcadas, o crescimento médio deve ficar nos dois dígitos este ano, com alguns fornecedores – que já haviam festejado crescimento de 50% em 2020 – tendo fechado o primeiro semestre deste ano com 60% de incremento nos negócios, em relação aos seis primeiros meses de 2020. A explicação é simples: enquanto uma aeronave nova se soma à frota já existente, os equipamentos embarcados são adquiridos também para modernizar aviões e helicópteros que já estavam em operação.

“Isso se traduz desde equipamentos de pulverização e aplicação de sólidos até sistemas de navegação e automação das funções de aplicação. Incluindo ainda comportas para combate a incêndio em vegetação” exemplifica o diretor-executivo do Sindicato nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Gabriel Colle. A entidade, que organiza o Congresso, também aposta no intercâmbio. Tanto nas apresentações de palestrantes falando diretamente dos Estados Unidos, como nos debates no âmbito Mercosul. “Até porque a programação este ano abrange também o XXIX Congresso Mercosul e Latino-Americano de Aviação Agrícola, que também teve mesa-redonda nesta terça”, completa Colle. 

 

AIR TRACTOR: maior fabricante mundial de aeronaves agrícolas, empresa norte-americana demonstrou porque tem no País seu segundo maior mercado no planeta

QUARTA-FEIRA

Para esta quarta-feira (21), os destaques ficam por conta da palestra sobre segurança operacional (a partir das 8h30) e a apresentação dos oito trabalhos acadêmicos que concorrem no Congresso Científico da Aviação Agrícola (com início às 10 horas). Já à tarde, depois de mais uma Rodada de Negócios com empresas que participam do Congresso, vem a mesa redonda A política e o agronegócio, com a participação de parlamentares de diversos Estados e técnicos. Será a partir das 19 horas, fechando a programação do dia.  Além disso, durante toda a quarta segue a movimentação nos 64 estandes virtuais, nas rodadas de negócios e nos palcos virtuais dos patrocinadores Air Tractor e CSA, além das mesas de discussões na Cafeteria do Congresso. 

AERONAVES

O intercâmbio internacional na verdade abriu o primeiro dia do Congresso da Aviação Agrícola nessa terça-feira. Foi com a palestra a cargo do brasileiro Henrique Borges Neves Campos (doutor em Agronomia, consultor do Sindag e sócio da Sabri – Sabedoria Agrícola), que falou diretamente do Arizona, e do norte-americano John Garr, da GarrCo Products, na cidade de Converse, Indiana.

As apresentações abrangeram desde sistemas automatizados para preparo de calda até barras de angulação variável e outras tecnologias embarcadas para adequar automaticamente, em voo, a regulagem do sistema de pulverização. Passando ainda por sistemas de monitoramento meteorológico e aplicação noturna – realidade nos Estados Unidos e tendência para os próximos anos no Brasil. Os dois especialistas ainda esclareceram diversas dúvidas dos internautas que acompanharam ao vivo as apresentações.  

INTERCÂMBIO: Técnicas empregadas nos EUA e Brasil foram debatidas já na abertura do Congresso

A parte de balanço e tendências de mercado teve ainda apresentações da indústria de aeronaves, como a norte-americana Air Tractor, e de manutenção, como a brasileira CSA – Centro de Serviços Aeronáuticos. No caso da Air Tractor, o presidente da maior fabricante mundial de aviões agrícolas destacou a importância do mercado brasileiro. Falando diretamente de Olney, Texas, Jim Hirsch também elogiou o grau de profissionalismo das empresas aeroagrícolas do País e seu aprimoramento em gestão – incrementado a partir de ações de melhoria contínua fomentadas pelo Sindag.

Respondendo a uma pergunta do presidente do sindicato aeroagrícola, Thiago Maghalhães Silva, Hirsch abordou os efeitos da inflação norte-americana na empresa que, pela primeira vez em sua história, no ano passado atualizou no meio do ano sua tabela de preços (além da atualização no final do ano). Ele confirmou, no entanto, pedidos de aeronaves já para 2022 (devido ao esgotamento da cota de fabricação para este ano). A fabricante deve fechar 2021 com 174 aeronaves entregues, boa parte delas para o Brasil.

Sobre a possibilidade da frota aeroagrícola brasileira superar a norte-americana (que é a maior do mundo). O dirigente norte-americano acredita que isso é possível, mas não para no curto prazo. “Ainda vai demorar, mas (a frota brasileira) está em franca expansão. Além disso, o Brasil tem área (agrícola) para essa demanda”, completou.

O otimismo quanto ao mercado brasileiro esteve na fala também do diretor da goiana CSA – Centro de Serviços Aeronáuticos, Deivison Assunção. O empresário disse acreditar muito na boa articulação e profissionalismo da aviação agrícola para tornar o País ainda mais competitivo no agro.

Uma das maiores fornecedoras independente de serviços de reparo, manutenção e revisão do mercado aeronáutico, a CSA terá ainda mais duas palestras sobre práticas de manutenção e custos, até o final do evento. Enquanto isso, suporte ao cliente e financiando de aeronaves estarão na pauta da Air Tractor, respectivamente, nesta quarta e na quinta-feira.

MERCOSUL

Fechando a terça-feira do Congresso, representantes das duas entidades aeroagrícolas brasileiras – o Sindag e o Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag) – participaram de uma mesa-redonda com dirigentes da Federação Argentina das Câmaras Agro Aéreas (Fearca) e da Associação Nacional de Empresas Privadas Aeroagrícolas do Uruguai (Anepa). O encontro teve ainda empresários e dirigentes do setor dos três países e alguns pioneiros do setor, como os agrônomos José Carlos Christofoletti e Eduardo Cordeiro de Araújo. 

ENTIDADES: debate entre dirigentes e empresários ligados às entidades aeroagrícolas do Brasil, Argentina e Uruguai fechou a programação da terça

Uruguai – O presidente da Anepa, Júlio Placeres, começou a apresentação falando sobre avanços na temática aeroagrícola em seu país. Ele citou conquistas como a equiparação dos preços de combustíveis para os operadores aeroagrícolas com os praticados para a aviação comercial Uruguaia (que tem 50% de desconto em tributos). Além do acordo para simplificação de exigência de plano de voo em faixa de fronteira internacional (que foi substituído por uma comunicação simples). Sem falar na melhoria de preços de seguros aeronáuticos – servipo que antes era feito porá penas uma empresa local.

Placeres também destacou o fato do setor aeroagrícola ter recentemente previsto a atividade de combate a incêndio em seu regulamento federal (no Brasil, isso é previsto desde 1969). Alguns desafios da aviação agrícola no Uruguai é a necessidade de abreviar a burocracia para importação de peças e o pagamento de uma espécie de taxa de circulação pela aviação geral. “Para manter aeródromos e controle de voo, duas coisas que a aviação agrícola uruguaia não utiliza. Aqui as empresas são quase todas familiares e situadas em propriedades no interior”, comentou o dirigente. Placeres também elogiou a inicitiva do Comitê de viabilizar a edição em espanhol da Revista Flapinho, editada pelo Sindag para apresentar setor aeroagrícola (e sua importância) para o público infantil.

O secretário executivo da Anepa, Nestor Santos, destacou ainda o apoio da entidade e da Agência da ONU para Agricultura e Alimentação (Fao) na elaboração de uma cartilha de boas práticas em aplicação, elaborado pelos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente do país.

Argentina – O programa de Boas Práticas Aeroagrícolas (BPA) argentino foi destaque na apresentação da Fearca. O diretor-executivo da entidade, Danilo Cravero, destacou a iniciativa de uma rede de benef´picios para aumentar a integração com o público interno da entidade. Isos proque a FEarca não associa diretamente os empresários do setor. Ela tem como membros seis entidades regionais do setor no país. Além disso, a Federação argentina também tem buscado parcerias com utrs entidades do agro, para ampliar o alcance de suas ações.

No entanto, os dirigentes da Fearca destacaram também o atual quadro negativo da economia do país, com uma inflação de 50% nos últimos 12 meses e um dólar a 12 pesos a unidade. “Posição do governo hoje em dia é complexa em relação agro. Não quer diálogo com o setor e não tem uma política clara”, resume Cravero. Além disso, o governo federal vem dificultando as importações, o que atinge diretamente a aviação – principalmente em peças e componentes para as aeronaves. Argentina tem a segunda maior frota do continente sul-americano, com cerca de 1,3 mil aeronaves. “Mas o grande desafio do setor é o mesmo em todo o Mercosul: garantir uma boa imagem perante a sociedade, mostrando a importância e a segurança da aviação agrícola”, pontuou o dirigente argentino.

Brasil – Aproveitando a deixa, o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, destacou que o desafio de se comunicar com a população urbana é, na verdade, de todo o agro. “Além disso, como todo o país sul-americano, também sofremos com a instabilidade no câmbio e temos todos os dias o desafio de manter o controle dos custos.” Porém, segundo ele, no Brasil há uma perspectiva de mudanças positivas. “Há uma vontade de clarear a regulação e tornar tudo mais ágil. Sentimos que existe uma boa intenção de acertar. Inclusive por parte do Ministério da Agricultura, que está presente na reunião” – o encontro foi acompanhado pela chefe da Divisão de Aviação Agrícola (DAA) do órgão, Uéllen Lisoski Duarte Colatto.

Magalhães ainda ressaltou que a valorização das commodities deve manter o setor em alta e lembrou esforços do sindicato aeroagrícola em aprimorar a gestão entre suas associadas. Por exemplo, com a criação (em maio) do índice de Inflação da Aviação Agrícola (Iavag) e da pós-graduação em MBA em Inovação, Gestão e Sustentabilidade no setor.

Por último, o presidente do Ibravag, Júlio Kämpf, observou a importância da troca de experiências entre as entidades para a buscar de soluções junto a cada governo. Ele lembrou ainda que boa parte das aeronaves agrícolas estão com operadores privados (produtores agrícolas que têm seus próprios aviões). Daí, no caso do Brasil, o surgimento do Instituto, para agregar o resto da cadeia do mercado aeroagrícola (que fica, legalmente, fora do escopo do Sindag). Além disso, a nova entidade (o Ibravag completou três anos em 2021) também deve atuar forte na formação técnica dos profissionais do setor.

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