Sobre os Projetos de Lei contra a pulverização aérea e as relações governamentais e institucionais do Agro em 2019
COMO FORAM OS TRABALHOS EM 2019?
No ano de 2019, visitei 11 Estados, revisitando omosesmos em alguns momentos. Estive conectado com 23 Estados Brasileiros, levando informações e discutindo sobre a sustentabilidade econômica, ambiental e social que a aplicação aérea traz para a agricultura brasileira, e em consequência positiva, a população. Conversei com Senadores, Deputados Federais, Estaduais, Vereadores, Prefeitos, Presidentes, Assessores e Executivos de Entidades do Agro das mais de 15 culturas atendidas pela aviação agrícola no Brasil, durante os 12 meses. Relacionamentos governamentais e institucionais, tendo contato com autoridades e profissionais que agregaram muito conhecimento.
COMO ESTÃO AS MOVIMENTAÇÕES GOVERNAMENTAIS?
Para iniciar esse tema, posso afirmar que em todos os Estados a bancada da segurança cresceu exponencialmente. São generais, majores, capitães, sargentos e soldados em diversos gabinetes nas assembleias legislativas, em primeiro mandato. Ganhamos muito neste aspecto como cidadão brasileiro, claro, o Brasil é carente nesta área da segurança, mas perdemos quando falamos em políticos prepreparados para defender o Agro. Esses parlamentares, ainda com pouca informação, estão em comissões de agricultura e de meio ambiente de todo o país. Por isso, a comunicação com a sociedade, representada por estes parlamentares, não poderá parar pelos próximos 10 anos. Se esses legisladores ficarem por mais de um mandato, teremos 8 anos de parlamentares que entendem pouco sobre o Agro e as vezes, possuem experiências negativas ainda com o setor. Todos os contatos com a “bancada da bala” foram excelentes! Normalmente receptivos, pois sabem dos desafios do setor, mas não são familiarizados com o tema Agronegócio e nas comissões, precisamos sempre levar conhecimento, pois os dados e as informações são fundamentais para fortalecer nosso discurso técnico e científico.
Me agrada ouvir nos gabinetes – “O deputado gosta de ler, você tem material sobre aplicação aérea? ” No mesmo instante nós colocamos materiais na mesa do parlamentar, porém essa realidade tem sido pequena. Na maioria dos casos, temos que abordar o deputado e falar sobre o setor por horas e mesmo assim, depois de poucos dias, recebemos uma ligação ou uma mensagem solicitando informações sobre aplicação aérea. Na maioria das vezes a pauta é limpada e outro assunto entra em discussão do parlamentar. Nestes casos vem a pergunta, como legislar tantas assuntos importantes em tão pouco tempo? Mas esse é um outro tema a ser discutido.
Exemplo:
Na legislatura anterior ao Presidente Jair Bolsonaro, tínhamos bancadas fortes do Agro, e para fortalecer ainda mais esse discurso, cito que em São Paulo, com a entrada da Deputada Estadual Janaína Pascoal, com a maior votação da história do Brasil de um deputado Estadual, sendo um fenômeno de votos com 2.031.829 votos e tendo mais votos que o deputado federal de São Paulo mais votado Eduardo Bolsonaro, acabou tirando votos de diversos Deputados Estaduais da banca ruralista, que acabaram não se reelegeram. Repetindo, isto não é um problema, mas a situação é extremamente desafiadora na questão comunicação do Agro.
A PALAVRA É CO-MU-NI-CA-ÇÃO
Reunião com o parlamentar
As agendas dos parlamentares são apertadas. Leve em consideração que eles trabalham em seu gabinete e em suas comissões de terça a quinta, mas segunda, sexta e as vezes sábados e domingos eles precisam trabalhar as necessidades de suas regiões e atender seus eleitores, pois durante a semana eles atendem diversos setores que trazem infinitos temas. De alimentação a ruas da cidade até projetos que afetam médicos. Recebem convites para eventos em finais de semana e para marcar uma agenda se torna algo muito complexo. Geralmente marcamos com chefes de gabinetes que em alguns casos são direcionadores de assuntos, mas o desafio é extremamente complexo, pelas barreiras da comunicação que se mostram, antes mesmo de marcar uma agenda. Primeiro eles procuram saber se estamos trazendo um assunto relevante. Neste ponto já precisamos mostrar valor a secretária, depois ao Chefe de Gabinete. Na sequência precisamos mostrar que falar com o deputado é prioridade, caso contrário somos colocados em uma fila de espera, para a reunião. Depois de conquistada a reunião, o desafio é falar com o deputado em poucos instantes, colocando na mesa mais de 70 anos de história, profissionais envolvidos no setor, fornecedores, regulamentação, fiscalização, serviços que o setor presta para as culturas que dependem da aplicação aérea, além dos danos que irão causar para a sustentabilidade ambiental, social e econômica da região ou do Estado, caso um projeto seja aprovado, que é o caso do Ceará que está sofrendo com a falta da ferramenta.
Clique abaixo para ver as matérias sobre o Ceará:
Clique aqui e veja uma matéria do Canal Rural sobre o assunto!
Manifestação de autoridades e entidades contra a proibição da aplicação aérea no Ceará.
Materiais de Marketing
Marketing é muito mais do que propaganda é saber atender uma necessidade específica. É saber montar estratégias de comunicação hora usando a publicidade, hora as relações púbicas, ou hora atende a necessidade do momento. Sendo pela forma de se comunicar, através de materiais que deem base para o discurso (Estudos científicos), e encontrar estratégias de defesa frente ao desafio de fazer com que o outro entenda o que está sendo passado e aqui cabe um entendimento. Cada grupo de pessoas (Cultura) tem uma forma de entendimento, por isso as estratégias de marketing para saber se alguns casos necessita material impresso, digital, uma visita, ou as três opções.
Os materiais enviados por e-mail e revistas complementam muito bem, a meu ver, porém a parte mais importante em uma relação governamental é a reunião in loco, onde falamos diretamente com os parlamentares em seus gabinetes, com presidentes em suas sedes, trocamos informações importantes com os assessores e executivos, que direcionam, em boa parte dos casos, a visão dos grandes líderes. Tudo isso para sentir o ambiente. Estas visitas realizadas pela entidade ou por empresários é fundamental para atingir os objetivos propostos de defesa.
SOBRE AS ENTIDADES O AGRO:
Com os ataques contínuos ao Agro, as entidades se mobilizaram de uma forma estrondosa. Neste ano construímos mais de 100 relacionamentos com entidades de todo o Brasil. Desde 2017, quando começei a visitar as entidades do Agro pelo Brasil, notei que havia uma mobilização, porém em 2019 as entidades se uniram para defender de forma mais apurada e organizada. Gastamos menos recursos e nos organizamos mais. Foram criadas novas entidades como a CropLife Brasil, mais estudos científicos foram apresentados e os investimentos aumentaram na questão comunicação com a sociedade.
Falta de conhecimento
Mesmo assim, a comunicação sobre a aplicação aérea ainda está em evolução dentro do próprio Agro. Muitas entidades são carentes de informações. Dentro de algumas entidades existem ideologias equivocadas também, por isso todas as informações ser contínuas digitalmente, ou de forma impressa para as entidades do Agro, para que o tema aplicação aérea seja conhecido e para que todos saibam como defender.
Comprovando a questão dos ataques ao Agro, o ano de 2019 se destacou pela entrada de projetos de proibição da aplicação aérea. Porém foi o ano que mais projetos foram arquivados.
Motivações para montar projetos de proibição da aplicação aérea:
QUAIS AS MOTIVAÇÕES PARA APRESENTAR UM PROJETO DE LEI DE PROIBIÇÃO DA PULVERIZAÇÃO AÉREA QUE SE DESTACAM?
1) Ideologia partidária,
2) proteção de um setor e
3) generalização.
1. Ideologia
Sem dúvida a ideologia partidária é a mais complexa, pois em alguns momentos quando conversamos com os parlamentares autores de projetos deste tema, notamos que eles não entendem sobre o assunto, mas como é uma ideologia do partido inserir projetos com este tema nos Estados e Municípios, eles acabam apresentando estes Projetos em assembleias legislativas sem base nenhuma, mas com força política e articulados por bases partidárias. Mesmo abordando que o avião semeia e combate incêndios florestais, além de reduzir o próprio uso do Agrotóxico, geralmente, esses parlamentares não querem nem mesmo conhecer uma empresa de aviação agrícola, só fazer a vontade partidária.
2. Proteção
Em alguns casos notamos que os parlamentares colocam o projeto de proibição da aplicação aérea por entender que está fazendo mal a alguém. Nestes casos, precisamos entender investigar, para depois falar com os parlamentares. Normalmente, são parlamentares que possuem a intenção de ajudar, mas não conhecem nada sobre aplicação aérea ou terrestre. A aviação agrícola está a mais de 70 anos no Brasil, mas nos últimos anos a questão mortandade de abelhas veio à tona, aliás, talvez seja reflexo do crescimento gigantesco de exportação de mel do Brasil (Ver ABEMEL) para países do exterior, ter crescido nos últimos anos. Está claro, que todos podem conviver! Agricultura, apicultura e seus derivados, o que precisamos é ter a famosa comunicação entre as partes, talvez seja o maior desafio do momento.
3. Generalização
Nestes casos, os parlamentares são motivados pela falta de informação sobre o setor, ou na maioria dos casos pela informação falsa. Em tempos de FAKE NEWS, toda a informação correta é pouca. Como funciona: o deputado recebe uma Fake News, ou uma denúncia de qualquer pessoa da sua confiança sobre uma possível aplicação errada. Desta forma, ao invés de investigar, ele encaminha um Projeto de Lei de Proibição. Em alguns casos, eles procuram pela internet, outras regiões que estão com estes projetos para fortalecer as convicções de seu discurso sem base. Normalmente eles acabam retirando o projeto ou discutindo por muito tempo.
Está claro que a comunicação assertiva continuará sendo pauta nas entidades do Agro, tanto dentro quanto fora do setor e para que o sucesso ocorra, precisaremos continuar de mãos dadas entre parlamentares do Agro, agrônomos, pilotos agrícolas, empresários do setor aeroagrícola, fornecedores do Agro, produtores rurais e entidades que representam agricultura, para que nenhuma anomalia entre no Agro e atrapalhe as lavoras do Brasil.
Por Me. Junior Oliveira
Secretário Executivo SINDAG
Especialista em imagem institucional