O que as Clínicas de Aeronaves SABRI & DoPro tem mostrado sobre o uso de bicos na barriga das aeronaves.
O que as Clínicas de Aeronaves SABRI & DoPro tem mostrado sobre o uso de bicos na barriga das aeronaves.
O que as Clínicas de Aeronaves SABRI & DoPro tem mostrado sobre o uso de bicos na barriga das aeronaves.
Eng. Agr. PhD. Henrique Campos Consultor em Tecnologia de Aplicação SABRI Sabedoria Agrícola & DoPro BeSafe
Durante as Clinicas de Aeronaves SABRI com a metodologia que chamamos DoPro BeSafe, também conhecida por espectrometria de fio (Figura 1), observamos que o posicionamento dos bicos na barra de pulverização interfere diretamente na qualidade da aplicação dos produtos fitossanitários.
Fig. 1 – Tecnologia DoPro de espectrometria de fio usada para verificação do padrão de distribuição de calda durante as Clínicas de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil.
Primeiramente é preciso reforçar que verificar a largura da faixa de aplicação determinada pelo piloto ou pela empresa é tão importante quanto verificar a uniformidade de distribuição da calda ao longa da faixa de aplicação. Abaixo é possível verificar duas situações, a primeira em que foi determinada uma faixa de aplicação maior do que a real faixa de deposição da calda (Figura 2) e a segunda em que está adequada a largura da faixa de aplicação, porém, está desuniforme a distribuição da calda (Figura 3).
Figura 2 – Padrão de distribuição de calda em que a faixa de aplicação é maior do que a real faixa de deposição da calda. Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Figura 3 – Padrão de distribuição de calda em que está adequada a largura da faixa de aplicação, porém, está desuniforme a distribuição de calda. Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Em linhas gerais, há uma “receita de bolo” ou “cookbook” assim chamado pelos pilotos americanos de que a ausência de bicos posicionados na barriga da aeronave não interfere negativamente na uniformidade de distribuição de calda em volumes de calda abaixo de 30 L/ha. Pois bem, durante as Clínicas de Aeronaves SABRI & DoPro no Brasil tive a oportunidade de comprovar se a generalização está correta ou não. Durante uma das Clínica de Aeronaves realizada no estado de São Paulo verificamos que foi melhor a uniformidade de distribuição de calda com a ausência de bicos na barriga de um Air Tractor 502 B configurado com bicos CP 09 aplicando o volume de calda de 30 L/ha, em altura de voo de 4 a 5 metros e perfazendo uma faixa de aplicação de 28 metros. De acordo com a figura 4, o padrão de distribuição de calda com a presença de bicos na barriga da aeronave foi desuniforme, podendo haver a possibilidade de super dosagens devido ao coeficiente de variação (C.V.) de 25% no modo de voo carrossel e 21% em back to back, ambos acima do limite máximo aceitável de C.V. igual a 20%.
Figura 4 – Padrão de distribuição de calda em há bicos posicionados na barriga da aeronave (C.V. = 25% no modo de voo carrossel e 21% em back to back). Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Já na figura 5, nota-se maior uniformidade no padrão de distribuição após fechados os bicos na barriga da aeronave e a redução do C.V. para 17% no modo de voo carrossel e 15% em back to back.
Figura 5 – Padrão de distribuição de calda em não foram posicionados bicos na barriga da aeronave (C.V. = 17 % no modo de voo carrossel e 15% em back to back). Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Exemplos como este começaram a se repetir ao longo das demais Clínicas de Aeronaves SABRI & DoPro no Brasil para outras aeronaves das marcas Air Tractor, Cessna, Trush e Ipanema. Além de aviões, durante uma avalição do helicóptero Bell 206 B também se verificou que a presença de bicos na barriga da aeronave promoveu alterações no padrão de distribuição de calda. Neste caso específico do Bell 206 B, as condições de avaliação foram feitas simulando aplicações em pastagem, em que a altura de voo é de 9 a 12 metros devido a presença de arvores. Nestas condições foi verificado que dois bicos que estavam posicionados atrás do duto de alimentação da barra de pulverização onde estão localizados a válvula by pass e o filtro de linha prejudicaram a distribuição de calda (Figura 6).
Figura 6 – Posicionamento onde estavam os bicos atrás do duto de alimentação da barra de pulverização onde estão localizados a válvula by pass e o filtro de linha.
Os resultados mostraram que os bicos na posição original na barra de pulverização têm-se um C.V. de 20 % no modo de voo carrossel e 22% em back to back (Figura 7), sendo este último o modo de voo mais adotado pela aeronave.
Figura 7 – Padrão de distribuição de calda em que há 2 bicos posicionados atrás do duto de alimentação da barra de pulverização onde estão localizados a válvula by pass e o filtro de linha da aeronave Bell 206 B (C.V. = 20 % no modo de voo carrossel e 22% em back to back). Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Já com o fechamento dos 2 bicos o C.V foi de 16 % no modo de voo carrossel e 14% em back to back (Figura 8).
Figura 8 – Padrão de distribuição de calda em que foram fechados os dois bicos posicionados atrás do duto de alimentação da barra de pulverização onde estão localizados a válvula by pass e o filtro de linha da aeronave Bell 206 B (C.V. = 16 % no modo de voo carrossel e 14% em back to back). Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Com os constantes resultados mostrando que a presença de bicos na barriga das aeronaves promove desuniformidade na distribuição de calda eu sinceramente passei a acreditar nesta receita de bolo, mas como toda regra tem suas exceções, me equivoquei.
Foi durante uma Clínica de Aeronaves na região do Vale do Araguaia no Mato Grosso, ao avaliar um Ipanema 202 A que os resultados mostraram maior uniformidade de distribuição de calda com a presença de bicos na barriga da aeronave. As figuras 8 e 9 mostram o padrão de deposição de calda sem e com bicos na barriga da aeronave. O C.V. sem os bicos foi de 25 % no modo de voo carrossel e 28% em back to back (Figura 9).
Figura 9 – Padrão de distribuição de calda em que não foram posicionados bicos na barriga da aeronave Ipanema 202 A (C.V. = 25 % no modo de voo carrossel e 28% em back to back). Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Por outro lado, com os bicos foi de 14% no modo de voo carrossel e 15% em back to back (Figura 10).
Figura 10 – Padrão de distribuição de calda em que há bicos posicionados na barriga da aeronave Ipanema 202 A (C.V. = 14% no modo de voo carrossel e 15% em back to back). Dados obtidos durante uma Clinica de Aeronaves SABRI & DOPRO no Brasil sob condições reais de campo. Por politica de privacidade não foi divulgado o prefixo da aeronave e o nome do piloto.
Isto posto, fica claro concluir que cada aeronave tem sua identidade com relação ao padrão de deposição de gotas e uniformidade de distribuição de calda. Avaliar caso a caso, aeronave a aeronave e assim entendendo suas exclusividades é o caminho para chegarmos a excelência nas aplicações aéreas.
Portanto, não se recomenda usar as configurações de uma aeronave que passou pela Clínica de Aeronaves para padronizar outras aeronaves de uma mesma marca e modelo que não foram avaliadas pela Clínica. Mesmo apesar de ser intuitivo fazer esta padronização, são grandes as chances de não conseguir os mesmos resultados.
E como mensagem final deste texto, é importante lembrar que o custo por hectare de uma aplicação mal feita também é o mesmo custo por hectare de uma aplicação bem feita, logo, cabe a nós como profissionais do setor ter a iniciativa de buscar a melhor qualidade de aplicação possível.
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Com um abraço, Henrique Campos.
“SÓ EXISTE UM CAMINHO HONESTO PARA O TRIUNFO: AJUDAR AS PESSOAS”