Formação do Mecânico de Manutenção Aeronáutico

Como profissão, o mecânico de aeronaves é integrante da atividade aeronáutica desde o primeiro voo, do mais pesado que o ar em 1906, pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, que, com certeza, necessitou de uma equipe de mecânicos para montar o 14BIS e poder alçar o voo, que seria o marco inicial das operações aéreas em nosso mundo.

Desde aquela data, a aviação vem num crescente de evolução, tentando atender as demandas dessa modalidade de transporte, cada vez mais exigente, no tocante a padrões de eficiência e segurança, em concordância com o aumento exponencial de passageiros e localidades interligadas por aeronaves, e no caso específico da operação aeroagrícola, maior eficiência e segurança nessa atividade.

Quando cito a evolução, evidentemente também me refiro a aviação agrícola e todo seu aparato operacional no que diz respeito a capacidade de carga, tipos de equipamentos de pulverização, motores com maior potência e desempenho, além de novas tecnologias embarcadas, que proporcionam ao operador uma maior eficiência no voo, aliada a precisão e capacidade de aplicação.

Ao longo dos anos, foram alterados, adequados e atualizados vários procedimentos, atitudes e situações envolvendo a atividade aérea, ou seja, aeronave no ar, porém, para que tudo isso aconteça é necessário que tenhamos aeronaves em perfeitas condições de voo, com seus sistemas, componentes e acessórios, operando dentro de padrões de segurança aceitáveis, onde o pessoal/ equipe de manutenção tem uma participação fundamental.

Para tal, é imprescindível que possamos avançar e atualizar, também, os processos de formação dos mantenedores, através de uma reestruturação significativa nos manuais ora utilizados como base para o ensino profissionalizante, com modificações no conteúdo programático, no intuito de inserir novas matérias/ disciplinas, que visam atender ao desenvolvimento das aeronaves e seus componentes, para que o mantenedor possa chegar ao mercado de trabalho, já com um conhecimento mais atualizado adquirido nas instituições formadoras.

Com a finalidade de solucionar o exposto acima, seria necessária uma mobilização entre as entidades e instituições formadoras de mantenedores, órgãos de fiscalização de ensino profissionalizante e demais envolvidos, para que em conjunto, fosse delineada uma linha de ação, visando atualizar, ou até mesmo refazer os manuais, hoje utilizados.

Ressalto que esse grupo de estudo deve ser, prioritariamente, composto por pedagogos, professores, mecânicos experientes e representantes dos órgãos responsáveis por esses manuais, para que as modificações sejam consistentes, efetivas e devidamente legitimadas.

Para finalizar, enfatizo que o assunto tratado citando a formação do mantenedor, abrange os serviços de manutenção que são realizados em todo e qualquer tipo de aeronave, portanto, os mecânicos que hoje atuam na aviação agrícola, estão devidamente inseridos nessa proposta de alteração, ou devido as especificidades dessas aeronaves, que seja criado um complemento ao programa de formação voltado exclusivamente para o mantenedor que tem como objetivo ou pretende atuar com aeronaves que operam no cenário aerogrícola e outros serviços relacionados.

Como Elemento Credenciado em Manutenção de Aeronaves, formado pelo CENIPA e, portanto, totalmente comprometido com a filosofia da Prevenção que tem como seu princípio base “a preservação dos recursos humanos e materiais”, apresento essas colocações, no intuito de fomentar a Segurança de Voo, com a visão voltada para dentro do hangar, de onde as aeronaves devem sair para um voo seguro, com a garantia de que as manutenções previstas foram executadas, por profissionais formados dentro dos padrões que a modernidade está a exigir.

Assina: MILTON CARDOSO DE LIMA
EC-MA 00.263