AS RELAÇÕES ENTRE A AVIAÇÃO AGRÍCOLA E DOIS COMPONENTES VITAIS PARA A SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS PRODUTIVOS: FLORESTAS E ÁGUA

Por Andréa Brondani da Rocha, engenheira agrônoma, Dra em Fisiologia Vegetal, Especialista em Direito Ambiental Internacional, Conselheira Federal RS, CONFEA. abdarocha@gmail.com; @andrea.brondani.darocha

            Quando falamos de aviação agrícola, muitas pessoas imediatamente imaginam um avião pulverizando agrotóxicos (químicos e biológicos) sobre lavouras. Porém cabe lembrarmos, especialmente nesta semana em que comemoramos duas datas significativas, que as empresas de aviação agrícola do Brasil prestam diversos serviços ambientais relevantes, tais como semeadura de florestas, povoamento de rios e lagos com peixes e combate a incêndios florestais.

            Em comemoração ao Dia Internacional das Florestas (21 de março), ressalto que desde 1969, o combate a incêndios em campos e florestas é uma das prerrogativas legais da aviação agrícola no Brasil. Só em 2019, empresas aeroagrícolas realizaram mais de 1,8 mil lançamentos de água contra chamas em diversos Estados – inclusive na Floresta Amazônica. Entre as principais vantagens da terceirização, estão a economia para os cofres públicos e a segurança do pessoal envolvido nas operações. Em decorrência desta importante participação da aviação agrícola nas práticas de conservação florestal, em 2020 o Projeto de Lei 4629/20 foi aprovado no Senado Federal, onde altera o Código Florestal para determinar que os planos de contingência para combate a incêndios florestais, elaborados pelos órgãos ambientais, contenham diretrizes para o uso da aviação agrícola. No quesito segurança, o apoio aéreo é fundamental para as equipes em solo, tanto para evitar que sejam cercados pelo fogo quanto para diminuir o desgaste. Segundo um estudo do Corpo de Bombeiros de São Paulo (Estado que também terceiriza esse serviço), o tempo de combate a incêndios em vegetação cai na proporção de 7(sete) para 1(um) quando há emprego da aviação agrícola. Ou seja, no caso dos bombeiros, menos tempo que as guarnições passam fora de seus quartéis, garantido com isto a proteção às populações urbanas.

            A semeadura de espécies florestais em regiões remotas e de difícil acesso é outra prerrogativa da aviação agrícola. Há vários projetos de recomposição de florestas nativas que tem obtido sucesso graças ao trabalho da aviação agrícola, cuja rapidez da técnica aérea possibilita disponibilizar a semeadura florestal de grandes áreas em poucas horas de aplicação.

            Já em relação ao Dia Mundial da Água (22 de março), o povoamento de rios e lagos com peixes tem sido realizado mediante a aplicação de técnicas nas quais aeronaves logram êxito em inocular rios de grandes extensões e de difícil acesso, com alevinos de diversas espécies nativas do Brasil. 

            Portanto, a aviação agrícola deve também ser considerada como uma alternativa viável e sustentável como protagonista da aplicação de métodos de recuperação de áreas que valorizam a restauração e manutenção de processos ecológicos.

            Preservar é preciso! Melhorar é necessário!