2 de fevereiro de 2022

ALEGRETE: Combate aéreo a incêndios segue em pauta no Oeste gaúcho

Encontro via web promovido por entidades ligadas ao agro, recursos hídricos e Prefeitura com o Sindag reforçou a importância da aviação agrícola para se evitar catástrofes na região

A ideia de se criar brigadas aéreas para o combate a incêndios na Fronteira Oeste do Rio Grande Sul voltou à pauta nesta terça-feira (dia 1º), desta vez com representantes da Prefeitura, Associações de Engenheiros Agrônomos de Alegrete (AEAA) e Uruguaiana (Asseagru), junto com a Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), mais o Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário (CMDA) e Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí. O encontro, via web partir das 19h30, foi para ouvir o diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação agrícola (Sindag), Gabriel Colle. Ele apresentou o trabalho da aviação agrícola no combate a incêndios em vegetação no País e conversou com o grupo sobre o que poderia ser feito para a ferramenta ser empregada de maneira mais efetiva nesse tipo de missão no Estado.

A reunião foi transmitida pelo YouTube. O objetivo foi fomentar a mobilização pela elaboração de um plano consistente contra o fogo, com uso da ferramenta aérea. Embora sem uma agenda definida no final do encontro, a expectativa é de que o trabalho prossiga nos próximos meses. Lembrando que Alegrete é o maior município em área territorial da região Sul do Brasil. 

Confira o vídeo do encontro no final do texto

A mediação foi do presidente da Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul (Sargs), Leonardo Cera. O prefeito de Alegrete, Márcio Amaral, destacou que o tema tem suscitado inúmeros debates nas últimas semanas, devido à estiagem severa que atinge a região. “O que nos obriga a pensar em uma estratégia mais consistente para se frente aos incêndios. Temos uma aviação agrícola muito desenvolvida aqui e que pode ser fator de proteção importante para o bioma pampa, completou. Amaral citou os prejuízos que os produtores têm sofrido com perda de cercas, galpões de criações de animais e outros danos de focos que duram dias e atingem também áreas de pequenos produtores.

EXPERIÊNCIAS   

Já o dirigente da Confaeab, Kleber Santos, lembrou, ainda abertura do encontro, que tema já figura entre as 29 sugestões listadas na manifestação da entidade frente aos danos causados pela seca no País, pulicada no dia 22 de janeiro e distribuída ao Ministério da Agricultura e outros órgãos de governo, além e políticos e outras autoridades. “A Sargs contribuiu com esse manifesto especialmente na parte da aviação agrícola, pelo entendimento que temos sobre a importância dessa ferramenta”, sublinhou Leonardo Cera. Mais especificamente, o documento (que foi enviado também ao Ministério da Agricultura) prede “investimentos em treinamento de brigadas de incêndio, mais a construção de infraestrutura para combate ao fogo como locais para abastecimento de água para caminhões pipas e aviões agrícolas, além de pistas adequadas para proporcionar maior segurança à atividade“.    

Outros participantes também citaram experiências ratificando a importância da aviação. Caso da presidente do CMDA, Thaís Bento Pires, que na própria terça e no dia anterior. Isso devido a um foco iniciado em uma propriedade vizinha a partir de um curto na rede elétrica. Em cerca de 20 minutos foco saiu do controle, mesmo com a mobilização do pessoal da fazenda. O avião chegou na pista cerca de uma hora e meia depois e conseguiu atuar por cerca de duas horas, devido á chagada da noite.  “Hoje eu vi a importância do avião chegar no foco o mais rápido possível”, completou Thaís.

Já a vice-presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Uruguaiana (Asseagru), Daiane Greco, recordou uma experiência parecida, poucos dias antes, em Uruguaiana. “O fogo avançou até a 30 metros da casa de meu pai, que já estava desistindo.” Daiane contou que o pai já chorava e se preparava para ir com a esposa para a cidade para a cidade. “Mas duas quando duas empresas (aeroagrícolas) de Uruguaiana que ajudaram os bombeiros a combater esse fogo”, destacou. “Foram importantes. Aliás, estão sendo, porque seguem atendendo outras propriedades. Fogo no campo são animais que morrem, propriedades de pessoas sem muitas condições que se perdem. Por isso é importante essa conversa”, pontuou a agrônoma.

MEIOS E CAMINHOS

Colle fez uma apresentação sobre o trabalho da aviação agrícola no Brasil, sua história, a legislação que rege o setor e a alga capacitação de seu pessoal. Ele também destacou o balanço das ações do setor em incêndios em lavouras em reservas naturais no restante do País em 2021 – quando cerca de 20 milhões de litros de água foram despejados em mais de 10 mil manobras de ataque às chamas em operações no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País. O diretor destacou o trabalho das brigadas aéreas existentes em Goiás, onde produtores rurais ajudam a manter o plantão da aeronave e piloto, há os canais direto para pedir ajuda para os bombeiros e brigadistas das fazendas.

O dirigente aeroagrícola lembrou que, de um lado o Rio Grande do Sul recentemente começou a aparecer no radar dos grandes incêndios em vegetação, por outro, o Estado tem a segunda maior frota aeroagrícola do País. “Um plano efetivo do uso de aviões contra as chamas é bastante viável, porém, requer uma boa articulação entre pessoal nas fazendas, bombeiros e brigadistas e poder público. Não só com as aeronaves em plantão, mas é preciso definir quando e quem chama os aviões, por exemplo. Além de se promover treinamento para quem vai ajudar e coordenar em solo e para os pilotos”, destacou.

Colle enfatizou que a aviação agrícola não combate incêndios sozinha. “É preciso o pessoal em terra. Até porque quem coordena o ‘ataque’ do avião é o bombeiro em solo.” Ele enfatizou a disposição Sindag ajudar na articulação, no levantamento dos meios disponíveis (aeronaves e equipamentos) no treinamento de pessoal e outras ações. O diretor-executivo do Sindag também reforçou a importância da Câmara dos Deputados votar o Projeto de Lei federal (PL) 4.629/2020, do senador Carlos Fávaro (PSD/MT), que inclui a aviação agrícola nas políticas de governo para combate a incêndios florestais no País.

A iniciativa dá maior segurança jurídica para dirigentes públicos que optem por contatar ou dar suporte para o uso de aeronaves no combate a incêndios. Ao mesmo tempo, abre caminho para liberação e recursos (inclusive entre os entes federados) para ações de planejamento e suporte à aviação contra as chamas.   

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