Alimentos orgânicos e seu valor nutricional: a verdade e os fatos.
Alimentos orgânicos e seu valor nutricional: a verdade e os fatos.
Já não é novidade para ninguém que os alimentos orgânicos são vistos pela população
como os mais saudáveis, nutricionalmente superiores e mais seguros do que os demais.
Com a avalanche de notícias negativas em torno dos produtos fitossanitários, muitos
consumidores se dispõem, inclusive, a pagar preços exorbitantes por tais alimentos. Tais
teorias, no entanto, têm sido cada vez mais questionadas por estudos realizados por
centros de pesquisa e autoridades governamentais ligados à saúde pública e segurança
alimentar.
Se por um lado artistas,empresários e musas fitness — gente que não tem qualquer
conhecimento técnico sobre o assunto — garantem que os orgânicos são melhores, por
outro, a comunidade científica vem provando dia após dia que esta história não passa
de uma falácia.
Recentemente, o Centro Nacional de Saúde Ambiental do Canadá publicou um
relatório com os resultados de pesquisas comparativas entre alimentos orgânicos e
convencionais sob os aspectos da qualidade nutricional e da segurança alimentar. Os
mesmos são taxativos ao afirmar que não existe nenhuma diferença entre os produtos,
embora muitos fatores relacionados aos sistemas de produção, local, clima, variedades e
tipo de solo possam influenciar no valor nutricional de ambos. Outra pesquisa
conduzida na França, sob coordenação da Agência Francesa de Segurança Alimentar
(AFSSA) chegaram a mesma conclusão. No Reino Unido também não há qualquer
evidência da superioridade dos orgânicos. Em 2012, um grupo de pesquisadores da
Universidade de Stanford realizou uma revisão detalhada de 237 estudos comparativos
entre alimentos convencionais e produtos equivalentes produzidos sem agroquímicos.
Os resultados, publicados nas prestigiosas revistas Annals of Internal Medicine e Journal
of National Cancer Institute, mostram, mais uma vez, que não há nenhum suporte
científico na tese de que os alimentos orgânicos seriam mais benéficos à saúde. Pesquisas
sérias conduzidas no Brasil, como a publicada pelo Instituto Tecnológico de Alimentos
(ITAL) em 2017, assim como os relatórios da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam
resultados semelhantes.
No Brasil, porém, essa é uma discussão pautada muito mais pela ideologia do que pela
ciência, situação que beneficia apenas os oportunistas de mercado, que vendem ilusões a
preços muito maiores. A verdade, aos olhos da ciência, é uma só: ambos os sistemas
podem produzir alimentos saudáveis, nutritivos e seguros. Basta que as boas práticas
agrícolas sejam respeitadas.