Momento de reflexão

Momentos de exceção como o que estamos vivendo, principalmente em quarentena, nos impele a alternativas que possibilitem o transcurso do tempo. Uma delas é colocar o cérebro em exercício e, assim, me detive ao raciocínio de alguns cenários similares ao que estamos experimentando e, num deles, conjecturei um panorama de avanço rápido de um agente potencialmente letal, a alguma ou para diversas de nossas principais culturas. Dito de outro modo, imaginei um cenário que exigisse medidas rápidas e eficazes ao seu controle, sob pena de nos depararmos com um possível desabastecimento em termos de alimentos ou matérias-primas ao bem-estar humano.

Nesse caso, qual seria a tecnologia capaz de realizar o procedimento de aplicação dos produtos químicos necessários às culturas em menor espaço de tempo, com cobertura adequada, envolvendo o menor número de pessoas, com maior rendimento operacional e, ainda, sem entrar em contato com as culturas depositárias do agente causal, acelerando ainda mais a sua proliferação? Acrescente-se a isso o fato de que os profissionais envolvidos estariam qualificados, pois rotineiramente recebem treinamento e equipamento adequado.

Numa situação real de crise, ou nesta hipotética por mim sugerida, o que se espera da técnica e da tecnologia empregada ao combate? Celeridade e eficácia. Por importante, necessário o destaque ao fato de que o rendimento operacional de uma aeronave é, no mínimo, três vezes maior que um equipamento pulverizador terrestre e, desta forma, cumpre-se o preceito da velocidade na execução do combate que, resulta no atingimento de áreas mais extensas em menor espaço de tempo. Ainda, desta característica, resulta o melhor aproveitamento da “janela de oportunidade”, que se caracteriza pela pulverização sob condições meteorológicas que otimizam a ação do produto. Celeridade e eficácia!

Ademais, se poderia citar a alta mobilidade, dentro do território brasileiro, dos recursos tecnológicos e humanos, pois a pulverização aérea se faz, obviamente, com aeronaves, que se deslocam por grandes distâncias em reduzido espaço de tempo e necessitam de poucas pessoas, para o seu adequado emprego. Outros aspectos poderiam ser citados, tais como a diversidade e extrema facilidade de ajustes do equipamento às necessidades, da possibilidade de atendimento a áreas remotas (de difícil acesso), entre outras.

Penso que, numa hipotética situação de exceção, o valor da aviação agrícola, a segurança no seu emprego e, destacadamente, a eficiência desta tecnologia seria decisiva. Vou além, digo que já somos, em diversos aspectos uma tecnologia imbatível e crucial. Talvez sirva como prova, justamente a postura daqueles que costumeiramente nos atacam, pois estes, aos poucos, se dão conta de que não nos adequamos ao posto de representantes de perigo latente à sociedade – tendo em vista que a comunidade produtiva reconhece nossa qualidade e importância – e, em maioria, passam a nos combater motivados apenas em razão de persistentes motivos ideológicos.

Por Marcelo Drescher