O que fazer quando a bula diz: boa cobertura?
O que fazer quando a bula diz: boa cobertura?
Quando a bula diz “boa cobertura”, a maioria dos agrônomos decide usar mais volume de água. A velha escola ainda ensina que devemos ajustar o volume da água conforme a área foliar de um cultivo, aumentando o volume de água quando um cultivo é mais alto e mais denso! Este conceito é totalmente falso. Para obter melhor penetração e cobertura é necessário reduzir o tamanho das gotas, porque as gotas pequenas penetram melhor que as gotas grandes.
Ao trabalhar com aeronaves agrícolas, em um dia quente e seco, os pilotos carregam uma aeronave com água, sabendo que uma parte muito significativa jamais chegará ao cultivo devido à perdas pela evaporação, especialmente quando o rótulo do produto especifica altos volumes de 40 litros / hectare. Em muitas ocasiões, quando é aplicado um protetor solar, se percebe que o creme esbranquiçado fica úmido por várias horas apesar de ter um pouco de água, porque é uma emulsão invertida. O uso de água como veiculo para o produto ao alvo e muito ineficiente.
Devemos observar como se controlam as pragas mais difíceis no mundo, como mosquitos, gafanhotos, bicudo e pulverização de insetos nas florestas – é exatamente o contrário. Todas estas pragas são controladas com o uso de UBV, Ultra Baixo Volume, produto puro o com um mínimo de óleo sem adicionar água, utilizando volumes muito baixos. A razão mais evidente é que a técnica de UBV proporciona controle consistente e eficaz. Uma das principais razões é o controle do tamanho das gotas com o uso de produtos puros, ou com um veiculo como óleo, que evita a evaporação das gotas. Por exemplo, para o controle de mosquitos os aviões voam a 40-50 metros de altura, e as gotas pequenas chegam ate o solo.
Na minha opinião, baseado em uma vida trabalhando na area técnica de aplicação, a conclusão é que devemos usar o maior tamanho de gotas possível, que funciona para o controle de doenças e pragas, para não provocar problemas da deriva. A utilização de água para a aplicação aérea deve ser limitada às condições de baixas temperaturas e umidades elevadas. Em todas as outras aplicações, devemos usar veículos “não-voláteis”, para assegurar que o produto chegue ao alvo. Só desta forma podemos esperar um maior controle da deriva na pulverização, uma vez que uma das principais causas desta é a redução do tamanho da gota devido à evaporação.
Conclusão: Como profissionais, devem continuar na busca de melhores técnicas para obter melhores resultados, e parar de repetir formas de aplicação que não produzem controle adequado das doenças e pragas. Exemplo para o futuro: várias bulas de fungicidas nos mercado nos Estados Unidos dizem: “Boa cobertura é necessária para obter bom controle de doenças. Não usar mais volume que o necessário para a aplicação.”
Alan McCracken
mccracken.alan@gmail.com