10 de setembro de 2020

Argentina ainda tem cinco nuvens de gafanhotos ativas em seu território

Outras cinco nuvens foram eliminadas desde julho no país vizinho e Brasil segue em alerta, embora risco de chegada de insetos seja considerado baixo

Atualmente, o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) monitora cinco nuvens de gafanhotos no norte do país. Três na província de Salta, uma na divisa entre Tucuman e Santiago Del Estero e outra em Córdoba. Além disso, outras cinco nuvens já foram eliminadas por ações de aplicações terrestres e aéreas de inseticida. Foram duas nuvens em Córdoba e duas em Santiago Del Estero em agosto e a nuvem eliminada em 25 de julho em Federación, na província de Entre Rios – na divisa com o Uruguai e a cerca de 100 quilômetros da cidade gaúcha de Barra do Quaraí.

O balanço foi apresentado pelo chefe do Programa Nacional de Gafanhotos e Ticuras do Senasa, Hector Emílio Medina. Foi durante o Debate Web promovido nesta quinta-feira (10) pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). O encontro, que ocorreu das 10 às 11h30, teve a participação também do fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, e do agrônomo, ex-diretor e consultor do Sindag Eduardo Cordeiro de Araújo. A mediação ficou a cargo do secretário executivo do Sindag, Júnior Oliveira.

Segundo Medina, apesar da situação dos gafanhotos ser atualmente preocupante na região norte de seu país, ao menos por enquanto não há risco dos gafanhotos se aproximarem da fronteira brasileira. Diferente da nuvem eliminada em julho na fronteira uruguaia e que em junho havia colocado o Brasil em situação de alerta contra a praga.

ROTAS

Medina contou que os técnicos argentinos trabalham também estudando as rotas de migração dos gafanhotos, que desde 2015 têm gerado deslocamentos de grandes nuvens pelo norte do país. Em um desses casos – em junho, tendo chegado na província de Corrientes, na divisa com o Rio Grande do Sul. “Que também já foi uma roda de migração desses insetos há 70 anos”, completou.  O coordenador do Senasa também chamou a atenção para o alerta que existe na Argentina para outros tipos de gafanhotos como a chamada tucura quabrachera (Tropidacris collaris). Neste caso, um inseto maior, mas sem o alcance e a capacidade de formar grandes nuvens do gafanhoto sul-americano, “que é a praga que mais preocupa”. Medina destacou ainda a importância do controle aéreo dos gafanhotos, devido à janela estreita de tempo para localização e combate aos insetos.  

O fiscal agropecuário Juliano Ritter também lembrou que as nuvens de garanhotos sul-americanos na Argentina mais próximas do Brasil estão a distâncias entre 600 e 700 quilômetros da fronteira brasileira. Apesar do atual baixo risco de chegada de insetos ao Brasil, Ritter destacou que os técnicos brasileiros seguem em contato permanente com os colegas argentinos, para manter as informações atualizadas.

 “Houve um grande aprendizado a partir da crise gerada em junho, o que veio também com uma importante rede de comunicação entre os vizinhos”, destacou o fiscal gaúcho. “O Sindag foi fundamental em criar um grupo com Argentina, Brasil e Uruguai ainda no início do monitoramento da praga.

PLANOS

O consultor Eduardo Araújo, destacou o trabalho do sindicato aeroagrícola no início da crise gerada pela nuvem que se aproximou do País em junho. Ele integrou o grupo de especialistas reunido pelo sindicato aeroagrícola para esboçar propostas da entidade ao plano nacional. “A mim coube elaborar sugestões sobre a tecnologia de aplicação aérea”. Os palestrantes também responderam questões sobre produtos, técnicas e a possibilidade de novas ferramentas para o monitoramento dos insetos, como drones e até radares meteorológicos. 

Oficialmente, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina seguem em emergência fitossanitária pela presença de nuvens de gafanhotos no Mercosul. A medida foi tomada em junho, pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e vale por um ano.  O Mapa também público a Portaria 208/20, de 29 de junho, com diretrizes para o combate às pragas – autorizando o uso de oito produtos princípios ativos químicos e biológicos contra os gafanhotos.

Já o governo gaúcho publicou em julho o Plano de Emergência para Supressão e Controle de Gafanhotos no Estado. Tudo definido na Instrução Normativa (IN) nº 17/20, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). “O Mapa dá as diretrizes, mas quem coordena o combate a uma eventual nuvem é o Estado,” resumiu Ritter. Tanto o técnico gaúcho quanto o coordenador do Senasa destacaram que para esse tipo de crise é fundamental a parceria entre o poder público e o setor privado, onde a aviação agrícola se torna uma das ferramentas essenciais contra os insetos.

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